Recentemente, Guilherme Boulos (Psol-SP) relatou à imprensa que seus dados foram alterados na base cadastral do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme nota enviada à imprensa, Boulos explicou que a informação de que recebeu a primeira dose da vacina contra o covid-19 foi apagada do sistema e que o nome dos seus pais foi trocado por xingamentos.
Porém, o ex-candidato à presidência e à prefeitura de São Paulo não foi a única vítima desse tipo de situação. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) viveu uma situação ainda mais trágica. Alguma pessoa mal intencionada cadastrou no SUS a sua morte, a impedindo de tomar a mesma vacina. O mesmo ocorreu com Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).
O Ministério da Saúde afirma que apurações estão sendo realizadas nos três casos, mas ainda não informou aos que foram lesados e nem à sociedade se as fraudes são sistemáticas ou casos isolados.
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De acordo com um especialista da Dataprev, provavelmente o problema é o mau uso do sistema, e não o sistema em si, muito embora ele possa ter sido construído com requisitos frágeis. No mesmo sentido, ele explica que em sistemas desenvolvidos no Serpro e na Dataprev há regras rígidas para alterações de dados, como as que foram feitas.
Só pra situarmos nos casos citados inicialmente, alterar o status de pessoa viva para falecida toma como base o atestado de óbito, transmitida pelos cartórios, por meio do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc), trazendo segurança e confiabilidade ao processo.
Assim como essa fraude ocorreu no sistema do SUS, outras fraudes com o uso de dados pessoais e empresariais também podem ocorrer. Caso uma pessoa mal intencionada e com permissão para alterar dados tenha à disposição bancos de dados como os da Dataprev e do Serpro, o estrago pode ser gigantesco.
As duas empresas públicas de TI possuem em seus bancos de dados informações de todos os brasileiros. E esses dados se estendem desde a data de nascimento e número de documentos, até as informações de trabalho, como quanto cada um ganha, os cargos que já ocupou e as empresas nas quais trabalhou. Além disso, Dataprev e Serpro ainda possuem as informações de todas as empresas no Brasil. O uso incorreto desses dados poderia acarretar sabotagens que prejudicariam a concorrência empresarial.
Até hoje, a Dataprev e o Serpro nunca tiveram grandes vazamentos de dados. As duas empresas têm protocolos de segurança avançados, e os funcionários, compromisso com a cidadania. Além disso, caso algum acesso indevido seja apurado, o infrator recebe as devidas punições, podendo até mesmo ser demitido.
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