Dia desses li pelos jornais uma intrigante notícia: “Pesquisa indica que 86% dos brasileiros têm algum transtorno mental”. É muita coisa! Induz logo uma séria dúvida: fazemos parte dos 14% restantes?
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Por coincidência li no mesmo dia uma instigante pesquisa realizada na África. Seu título: “Como os governos influenciam a saúde mental”. Fiquei a meditar longamente sobre isso.
Comecei pelos milhões de brasileiros cujas comunidades estão sob o domínio do crime. Muitas vezes eles são despertados pelo barulho de tiros. Andam pelas ruas sob a mira de fuzis.
Ali ao lado, em um bairro rico, as pessoas entram nos carros às pressas, com medo de assaltos. Andam pelas ruas escondendo seus pertences. A qualquer barulho mais alto estampam na face aquela expressão de pânico à qual já nos acostumamos.
Todos – pobres e ricos – seguem pelo caminho sacolejando tal qual cabritos, enfrentando ruas que parecem saídas de algum cenário de guerra, tal a quantidade de crateras que exibem. Perdem horas incontáveis em engarrafamentos que somente a falta de sensibilidade no trato da mobilidade urbana explica.
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Ao longo do dia vão sendo, imperceptivelmente, massacrados pelos noticiários: ora anuncia-se a mudança de mais uma regra que os atingirá, ora divulga-se outra tragédia – com os detalhes mais sórdidos, claro!
Planejar minimamente o futuro, diante de um cenário desses, é impossível. Do emprego à aposentadoria, da poupança à própria sobrevivência, tudo passa a ser percebido como algo perigosamente volátil – e na verdade o é!
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Há, claro, os momentos de repouso – noites e finais de semana. Isto quando a administração pública deixa. Não raramente, em plenas zonas residenciais, ruas são fechadas e instala-se, sob o pretexto de “apoio à cultura”, verdadeira prisão domiciliar – para os moradores da zona, claro! Do barulho infernal até altas horas da noite às cenas de vandalismo e transformação das vias públicas em banheiros ao ar livre, há que se resistir!
Aos resultados disso tudo: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) somos o povo mais ansioso do planeta. Convenhamos: não poderia ser diferente!
O que mais me preocupa, neste cenário todo, é a sã advertência de Akira Kurosawa: “em um mundo louco, apenas os loucos são sãos”. Pois é. Um perigo, isso. Em que irá dar toda esta loucura?
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