Unidade da federação com o menor território, o Distrito Federal, sede do poder político brasileiro, patina na vacinação e não é por falta de doses de imunizantes. Dados Secretaria de Saúde (SES/DF) apontam que o governo de Ibaneis Rocha (MDB-DF) mantém um estoque elevado de vacinas nas geladeiras e tem distribuído as doses de maneira desigual. De 1,735 milhão de doses entregues pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao DF, 212.740, ou 12,26%, estão guardados para a segunda aplicação. Isso equivale dizer que uma em cada oito doses que já chegou ao DF ficou no freezer da Secretaria.
No sábado (17), o Distrito Federal encerrou o agendamento para atender pessoas na faixa entre 40 e 49 anos, enquanto outros estados se já vacinam pessoas na casa dos 30 anos. A demora no avanço da vacinação tem irritado os brasilienses, que começaram a ir para outros estados atrás de vacina. Também se tornou alvo de alfinetadas políticas por parte do governador da vizinha Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que chegou a registrar em seu Twitter o movimento dos brasilienses atrás de imunização.
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A título de comparação, no último domingo (18), o DF vacinou 3.948 pessoas em 41 postos e 12 drive thru montados especialmente para a ocasião. O número é inferior ao de outros centros urbanos como Salvador (BA), cidade que tem 2,8 milhões de habitantes e vacinou no mesmo dia 30.959 brasileiros.
Ao mesmo tempo, os estoques do DF variam radicalmente entre imunizantes. Enquanto o governo do DF guarda 173.020 vacinas de AstraZeneca para aplicação da segunda dose, havia apenas 39.720 doses de Coronavac reservadas para a segunda aplicação. No freezer constam também 13.472 doses da Coronavac do Butantan disponíveis para a primeira aplicação. No início da semana era 72.
Informações levantadas junto à secretaria dão conta de que durante a semana não havia nenhuma dose de Pfizer na geladeira – tanto para a primeira quanto para segunda dose. Já na quarta-feira houve uma atualização e foram registradas 12.870 doses deste imunizante nos estoques para a primeira aplicação, mas o estoque para a segunda aplicação da Pfizer estava zerado.
Além da reserva de vacinas, há também inconsistências sobre onde estas doses foram alocadas. Os relatórios do GDF apontam que mais de 400 mil vacinas foram para a região central do DF – onde fica o Plano Piloto, que concentra as autarquias federais e residências de parte dos servidores públicos da União.
O Plano Piloto tem 210 mil habitantes e é a terceira região mais habitada de todo o DF. Ceilândia, porém, com uma população de quase 500 mil habitantes e que abriga a maior favela do Brasil, Sol Nascente, é a quarta região que mais recebeu doses. Gama e Santa Maria, que juntas tem população superior à do Plano Piloto, receberam menos da metade das doses.
O Distrito Federal vacinou mais idosos do que planejava. Entre os idosos acima de 80 anos, o GDF aplicou 126% das vacinas esperadas para a 1ª dose, e 113,4% da 2ª dose. Entre 75 a 79 anos e entre 70 a 74 o cenário foi parecido nas duas doses.
O GDF foi procurado pelo Congresso em Foco, mas não respondeu. Na semana passada, o governador em exercício, Rafael Prudente (MDB), se declarou otimista quanto ao ritmo da vacinação – e prometeu que todos os brasilienses acima de 18 anos seriam imunizados até setembro.
Atualmente, a taxa de ocupação na UTIs de covid no DF é de 57,2%, somando 339 pessoas permanecerem internadas. Apesar disso, na quarta-feira (21) o governo autorizou uma partida de futebol com público de 5.500 pessoas no estádio Mané Garrincha, arena com capacidade para 72 mil espectadores.
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