O Congresso em Foco veio ao mundo fazendo barulho. Já na estreia, em 12 de fevereiro de 2004, publicou reportagem do jornalista Vasconcelo Quadros com base em um depoimento do ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos que vinha sendo guardado a sete chaves.

No depoimento, com várias referências a políticos e a bastidores de investigações criminais importantes, Rocha Mattos apontava o dedo contra diversas autoridades, em especial o então diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda. Suas acusações foram vistas como uma tentativa de jogar lama no ventilador por parte de alguém que naquele momento se encontrava em sérios apuros.

De fato, Rocha Mattos seria condenado depois a mais de 33 anos de prisão, pelos crimes de formação de quadrilha, denunciação caluniosa, abuso de autoridade, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e peculato. Em 2015, foram repatriados US$ 19,4 milhões que o ex-magistrado mantinha em contas na Suíça. O dinheiro era incompatível com os rendimentos declarados do ex-juiz e, conforme entendeu o Judiciário, tinha origem em vendas de sentenças e outras atividades ilegais.

Mas revelar o que dizia Rocha Mattos, além de trazer à tona algo relevante mantido sob segredo, contribuiu para demonstrar que o ex-juiz, conhecido por acumular dossiês contra seus antagonistas, tinha menos bala na agulha do que alardeava. E deixava clara a vocação deste site para pautar a sociedade e outros veículos com temas de impacto.

Acusações criminais

Logo no mês seguinte, em março de 2004, abrimos uma verdadeira caixa de Pandora ao publicarmos algo inédito na mídia brasileira: a lista dos parlamentares federais que respondiam a acusações criminais no Supremo Tribunal Federal (STF). A repercussão foi grande. Jamais deixamos de monitorar o tema, que, trazido ao debate público,   deu origem à bem-sucedida campanha pela Lei da Ficha Limpa, à qual demos cobertura e apoio.

Denúncias bem apuradas, e com publicação sempre antecedida pela obsessão em ouvir as todas as partes envolvidas, formam um amplo e importante capítulo dos nossos 18 anos de história. A série de reportagens sobre os gastos exorbitantes da Câmara e do Senado com passagens aéreas, recentemente transposta para livro, é um dentre muitos exemplos que poderiam ser citados aqui.

Prêmio Congresso em Foco

Sempre nos empenhamos, no entanto, em ir muito além disso. Rapidamente, percebemos que a linha de fiscalização independente dos poderes, sobretudo do Poder Legislativo, gerava uma reação tão forte que muitos leitores, indignados, usavam nossos levantamentos e reportagens como argumento para defender o fechamento do Congresso Nacional. Foi aí que criamos o Prêmio Congresso em Foco, difundindo uma visão menos simplista da política e dos políticos. A mensagem-chave é que identificar os melhores representantes eleitos é uma arma poderosa da cidadania para melhorar a qualidade do sistema político e das políticas públicas.

Política e políticos podem nos aborrecer demais, é forçoso concordar. Impossível, porém, viver sem ambos. A história mostra que, com todos os seus defeitos, eles foram e são, quando imersos em um ambiente democrático, bem mais eficientes que os tiranos. Seja por serem mais sensíveis à vontade popular, seja porque a democracia se encarrega de trazer à tona os seus erros, que as ditaduras podem facilmente ocultar.

Com o prêmio, que será entregue neste ano pela 15ª vez, convidamos a sociedade a indicar os melhores deputados e senadores. Homenageamos os congressistas selecionados por um júri especializado, pelos jornalistas que cobrem o Congresso e pelos participantes de uma votação aberta na internet. Veja no vídeo os resultados da premiação de 2021, que impactou diretamente mais de 17 milhões de pessoas:

Quase 5 milhões de usuários

A linha de independência perseguida trouxe bons resultados. Gerou audiência, que no pico alcançou quase 5 milhões de usuários únicos por mês. Tornou o Congresso em Foco fonte frequente da mídia nacional e estrangeira, de pesquisadores, dos próprios parlamentares e de todos e todas que buscam informações confiáveis sobre o Congresso e a política. E foi reconhecida por meio de vários prêmios, inclusive dois “leões” em Cannes.

Honestamente, acredito que os próximos 18 anos serão ainda melhores, para nós e pra você aí do outro lado. Mas é preciso comemorar muitas realizações. Uma das que nos enchem de orgulho é o Radar do Congresso, que apresenta praticamente em tempo real os discursos, as propostas, os gastos e o posicionamento nas votações dos deputados e senadores.

Financiado pelo Google, o projeto não se restringe a trazer os perfis dos senadores e dos deputados federais. Mostra o nível de governismo de cada congressista, ou seja, o percentual de vezes em que ele – ou ela – votou junto com o governo. Lança luz sobre o grau de transparência dos legisladores. E oferece possibilidades quase infinitas de consultas, facilitando o acesso a dados abertos.

Exemplos de diversidade política e pluralismo:

Coluna do atual ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni

Coluna do ex-deputado Chico Alencar (Psol-RJ)

Mais amplo e moderno

Novas frentes de atuação foram incorporadas ao trabalho que você vê aqui no site. A equipe, inicialmente formada apenas por jornalistas e publicitários, passou a contar com cientistas de dados, cientistas políticos e outros profissionais hoje responsáveis pela realização de pesquisas e por diversos outros serviços produzidos sob o guarda-chuva de Congresso em Foco Análise, unidade dirigida por Rudolfo Lago. Um desses produtos é o Congresso em Foco Insider, que oferece aos assinantes muitas informações e análises exclusivas, além de antecipar boa parte do que acontece de mais importante em Brasília.

Também no site, as mudanças têm sido frequentes. Sob a direção de Edson Sardinha, a redação trabalha desde outubro em uma nova plataforma, com nova marca, nova arquitetura e vários ganhos para usuários e editores.

Enfim, gente… um longo percurso, por vezes extremamente desafiador em razão das dificuldades de financiar o jornalismo independente, e nada teria acontecido sem você. Com a sua audiência e o seu apoio, certamente iremos muito mais longe.