Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro defendeu o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e criticou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autarquia vinculada à pasta de Salles.
Bolsonaro atribuiu a facilidade em obter licenciamento ambiental para realização de obras ao fato de o órgão ambiental “não atrapalhar mais”. “O Ibama não atrapalha mais, pessoal, por isso que o Ricardo Barros [Salles] apanha, é só por isso que ele apanha. Antigamente o Ibama servia, com todo o respeito, para multar os caras, mais nada”, disse. O presidente cometeu um ato falho e trocou o sobrenome de Salles pelo do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros.
A fala foi proferida depois de comentários do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, a respeito das obras federais em andamento. “Aliás, o Ibama está ajudando muito viu, presidente? As licenças estão saindo, queria registrar isso aqui”, disse Tarcísio.
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O presidente também defendeu que a advertência por infrações ambientais deve anteceder as multas. “Não pode o homem do campo ficar com medo do pessoal do Ibama”, disse. Bolsonaro já foi multado pelo Ibama por pesca irregular em área de proteção ambiental em 2012. O servidor que o multou, José Olímpio Augusto Morelli, foi exonerado em março do ano passado. A multa aplicada seria de R$ 10 mil, porém, em junho de 2019, o Ibama decidiu considerar prescrita a infração, com impossibilidade de qualquer punição ao presidente.
Bolsonaro e Salles têm sido criticados por organizações ambientais e empresas brasileiras e estrangeiras pela postura leniente na gestão de crimes ambientais. O ministro do Meio Ambiente também é desaprovado pelo desmonte de órgãos ambientais, tais como Ibama e ICMBio, que ele nega.
Em reunião ministerial de 22 de abril, cujo conteúdo veio a público depois de ordem judicial, Salles defendeu “passar a boiada e mudar as regras” enquanto a atenção da mídia estava voltada para a pandemia de covid-19. Recentemente, ele publicou um vídeo negando as queimadas na Amazônia, mas o material apresentava imagens da Mata Atlântica. Salles também respondeu ao ator Leonardo DiCaprio em uma crítica à política ambiental do governo brasileiro. “Vai por dinheiro?”, questionou o ministro no Twitter.
> Rosa Weber dá 48h para Ricardo Salles explicar revogaço do Conama
Que horror! Estamos vivendo 1984 mesmo, estou boquiaberto.
Os crimes ambientais tolerados e até incentivados por esse desgoverno não têm justificativa.