Pesquisa feita com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica um fosso entre estudantes brancos e não brancos, matriculados nas redes pública ou privada, durante a pandemia. Com a suspensão das aulas presenciais, 4,3 milhões de alunos negros, pardos e indígenas ficaram sem nenhuma atividade escolar. Já entre os brancos, o número gira em torno de 1,5 milhão (veja os números, estado por estado).
Os dados são de levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pela Rede de Pesquisa Solidária, a partir de informações da Pnad-Covid do IBGE.
Essa e outras questões relativas ao impacto da crise sanitária no sistema de ensino vão ser debatidas em live que o Congresso em Foco promove nesta sexta-feira (11), às 11h15, com o tema “Educação em tempos de pandemia”. Participarão do debate os deputados Marcelo Freixo (Psol-RJ), Tabata Amaral (PDT-SP) e Raul Henry (MDB-PE) e a presidente-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz. A organização apoiou a categoria Defesa da Educação, do Prêmio Congresso em Foco 2020. Os três parlamentares ficaram entre os premiados da categoria.
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Disparidade
Para o sociólogo Ian Prates, do Cebrap e da Rede de Pesquisa Solidária, a pandemia deve aumentar as desigualdades no país. “Há uma combinação das questões socioeconômica, racial e regional”, disse Ian ao Congresso em Foco.
Entre as hipóteses para explicar a diferença entre os estudantes pelo recorte racial, estão a dificuldade das escolas pouco equipadas de oferecer aula a distância para seus alunos e a falta de estrutura, como acesso a computador e internet, em residências de baixa renda, onde a maioria é negra ou indígena.
“A pandemia está escancarando as desigualdades. Mesmo quando pegamos estudantes e trabalhadores da mesma classe, há diferença entre pretos e brancos. Há expectativas diferentes. Os negros veem que sua chance de sucesso, de mobilidade social, é muito menor”, explicou o sociólogo, que também coordena a área de mercado de trabalho e políticas sociais da Rede de Pesquisa Solidária. “A desigualdade de antes já se acirrou. Isso pode ser visto também no mercado de trabalho”, acrescentou.
Para o pesquisador do Cebrap, a discussão não pode se reduzir à questão social, como defende, por exemplo, parte da sociedade contrária à política de cotas. “Muitos alegam que o problema é ser pobre. Mas, mesmo entre os mais pobres, existem diferenças entre brancos e pretos. Na parte de cima também. Os médicos brancos recebem mais que os não brancos. Essa questão da desigualdade racial é uma agenda que foi colocada de lado nos últimos anos no Brasil”, disse.
A maior diferença proporcional entre estudantes brancos e não brancos matriculados sem atividades escolares no momento ocorre no Amazonas. Em todo o estado, há 28.227 brancos e 212.242 estudantes negros, indígenas ou pardos sem assistirem às aulas em razão da pandemia. A Bahia soma 120.995 estudantes brancos e 742.115 não brancos matriculados sem atividade escolar no momento.
No último dia 28, um estudo divulgado pela Rede de Pesquisa Solidária revelou que 30% dos estudantes mais pobres ficaram sem atividades escolares em julho. Entre os mais ricos, foram menos de 4%. Os estudantes mais pobres do Sudeste e do Sul tiveram acesso às atividades escolares em proporção semelhante aos mais ricos do Norte e Nordeste.
Para o líder de Relações Governamentais do Todos pela Educação, Lucas Hoogerbrugge, os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus devem ampliar o fosso entre os estudantes brasileiros e aumentar a evasão escolar e a desigualdade social. A entidade do terceiro setor é uma das mais atuantes na área.
“Já existe uma tendência maior de reprovação. A evasão, que tira o estudante da trajetória correta, é mais comum entre as famílias mais vulneráveis. Com a pandemia, deve haver uma necessidade maior de jovens começarem a trabalhar mais cedo. Muitas famílias não terão condições de pagar uma creche. Há um efeito de fragilização da família que levará à evasão”, disse Lucas ao Congresso em Foco.
> Pandemia aumentará evasão escolar, prevê Todos pela Educação
Quanto a quem depende de escola pública, ferrou. O ensino público acabou. E na ”redemocratização” de araque, acabou mais ainda. Por isso que estamos lá no fim da fila do Pisa.
As ruas do Rio de Janeiro estão lotadas de pessoas. As feiras livres, os mercados estão funcionando livremente. As igrejas já estão funcionando há 2 meses. As praias tem ficado cheias todo fim de semana, as estradas sempre lotadas, todo mundo viajando. Só não voltam as escolas e o público do futebol. Muita coerência das autoridades.