Por Délio Lins e Silva Júnior*
A frase do estrategista de Bill Clinton não sai da minha cabeça enquanto vejo a gritaria e o desespero se tornarem os protagonistas da relação entre os poderes no Brasil. Uns acham que é a esquerda, outros que é a direita, outros, ainda, que é o Centrão. Eu fico com o estrategista: é a economia, estúpido.
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Já recebi três relatórios de consultorias famosas falando sobre o futuro das empresas e do ambiente de negócios e todas chegam à mesma conclusão: sai da crise melhor a organização que for resiliente e que conseguir se adaptar mais rapidamente à nova realidade. Isso é verdade para as empresas, e é verdade para nossas instituições também.
Não estamos precisando de mais ameaças na imprensa e nem de fantasias macabras com o retrocesso da democracia. Estamos precisando salvar vidas e preservar ao máximo nossa já combalida economia. E não venham dizer que trata-se de uma “escolha de Sofia” porque política nunca reagiu bem a argumentações binárias. Vamos ser honestos: política é a arte de abraçar a tarefa impossível de fazer concessões e acomodar divergências para providenciar o melhor amanhã possível.
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O enfrentamento de uma crise tamanho “G” causa tensão e desconforto a todos os donos de canetas. O peso da responsabilidade pelas milhares de vidas perdidas e famílias destroçadas mexe com o humor de qualquer um. Isso dá pra entender. O que não dá é pra estender o período do transe. Temos que arregaçar as mangas urgentemente e reagir juntos (ou separados)! Esqueçam as fantasias nefastas, as picuinhas ideológicas e abram espaço para a reconstrução.
Mesmo com o estresse óbvio da recessão vindoura e com as incertezas da covid-19 rasgando as páginas dos nossos calendários vazios, todos temos prioridades mais urgentes do que reviver um passado incompatível com os dias de hoje. E se você tem dúvidas se é mesmo impossível segurar a força do povo, faça um teste: pegue uma peneira na sua cozinha e tente usá-la para tapar os raios “ultraviolentos” da internet.
* Délio Lins e Silva Júnior é presidente da OAB-DF
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