O advogado da senadora Roseana Sarney (PFL-MA), Antônio Carlos de Almeida Castro, pretende pedir informações ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, a respeito do depoimento prestado no último dia 30 pelo juiz João Carlos da Rocha Mattos, preso em São Paulo.
Castro reagiu com surpresa ao saber que o magistrado atribuiu ao atual chefe da PF o relato de que o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Marcelo Itagiba, teria sido o “responsável pelo planejamento da diligência efetuada no Maranhão” contra a então candidata à Presidência Roseana Sarney.
“Acompanho todo o processo e tenho convicção de que houve uma armação, mas não poderia imaginar que pudesse vir alguma coisa daí”, disse o advogado. Castro reiterou que a senadora vai entrar com processo por danos morais contra membros do Ministério Público e os responsáveis pela operação Lunus.
O advogado afirmou que prefere analisar com cautela as palavras de Rocha Mattos. “O juiz deve muitas explicações à Justiça. É preciso ter um certo cuidado a respeito daquilo que ele fala”, ponderou. Ainda assim, admite Castro, a informação pode ser um dado novo no processo.
A ação, segundo ele, está sendo fundamentada no recolhimento de uma série de indícios de que houve má-fé na diligência policial que resultou na apreensão de R$ 1,35 milhão em espécie na sede da empresa Lunus, pertencente a Roseana e ao marido dela, Jorge Murad.
Oficialmente, os policiais buscavam documentos relativos a uma suposta fraude feita com verbas da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). A foto do dinheiro espalhado sobre a mesa acabou com a candidatura de Roseana.
A então candidata, que explicou a origem do dinheiro como arrecadação de verba para campanha, acusou o governo federal de armação em favor do candidato tucano José Serra – o que também nunca foi provado.
O nome de Itagiba foi relacionado a Serra na ocasião e foi mencionado inclusive em jornais e revistas de circulação nacional. O delegado já tinha trabalhado com Serra, no Ministério da Saúde, como gerente de segurança.
Ele nega, porém, as acusações de Rocha Mattos e atribui as declarações a vingança.
Em agosto do ano passado, a ex-governadora do Maranhão foi inocentada das acusações de suposto envolvimento em crimes de formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e peculato contidas na denúncia do Ministério Público. Os procuradores acusaram a senadora de desviar verba da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) por meio da empresa Usimar Componentes Automotivos.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, criticou a denúncia apresentada pelo Ministério Público, considerada por ele como inconsistente. A acusação alegava que o dinheiro seria produto de fraudes cometidas contra o Fundo de Investimento da Amazônia (Finam), administrado pela Sudam.
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