Depois de reclamar publicamente de cortes no ministério da Ciência e Tecnologia, o chefe da pasta Marcos Pontes, afirmou que vai dialogar com o presidente Jair Bolsonaro para reverter o enxugamento da verba. Em audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados o ministro disse que a alteração repentina no orçamento não afeta as bolsas existentes no CNPq, mas pode comprometer projetos de importância econômica e até mesmo de enfrentamento da pandemia.
O corte registrado para a pasta de Marcos Pontes é de R$ 690 milhões, o que corresponde a 92% dos recursos para investimento em ciência. Esse dinheiro estava previsto dentro do de um projeto para repasse via crédito suplementar para pesquisa e ações estruturantes (PLN 16/2021). Esse valor caiu para R$ 89,8 milhões.
“Não é um recurso alto, mas é um recurso essencial. Trata-se de coisas estratégicas”, disse Pontes que afirmou ter sido pego de surpresa com a notícia.
O ministro também alertou que caso não haja reversão, há risco de comprometer projetos estratégicos não apenas na pasta dele, mas também nas demais.
Diante dos parlamentares, Pontes comentou ter enviado ofícios ao presidente Jair Bolsonaro, bem como ao Ministério da Economia e à Secretaria-Geral da Presidência da República.
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Ele também afirmou que pretende insistir em defender o orçamento de sua pasta, mesmo que isso signifique a perda de seu cargo como ministro. “Não me apego a cargo, me apego à missão. Quando pego a missão, vou até o final. (…) Se precisar fazer alguma coisa muito difícil, a gente faz pensando na missão. (…) Eu vou continuar a defender a ciência no Brasil, isto por causa da missão que temos com a ciência”.
Encontro com deputada nazista
Durante a audiência, o ministro foi questionado sobre o encontro que teve, em seu gabinete, com a deputada alemã Beatrix von Storch, parlamentar do partido neonazista Alternativa para a Alemanha. Marcos Pontes disse que desconhecia o alinhamento ideológico da deputada e que foi “enganado” pela deputada Bia Kicis (PSL-DF).
“Eu recebi uma ligação vinda da assessoria da deputada Bia Kicis solicitando que eu tirasse uma foto com uma deputada cujo irmão era um astronauta alemão”, narrou à comissão afirmando que, por conta disso, acreditou ser conhecido do irmão de von Storch e aceitou o encontro. Ele relatou, então, ter descoberto posteriormente que se tratava de um cunhado da parlamentar alemã que pretendia atuar como astronauta, mas que não conseguiu e tornou-se piloto de aviação comercial.
“Mesmo sendo contra o nazismo, eu seria obrigado a receber qualquer representante oficial de um país amigo, por obrigação do cargo”, acrescentou porém.
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