Após a Segunda Guerra, com a transformação da Liga das Nações em Organização das Nações Unidas, diziam que o mundo entraria na chamada “Era das Nações”. Em breve esse conceito deve ser substituído por outro: a “Era das Cidades”. Uma mudança impulsionada pelas transformações que a tecnologia vai promover na vida nas grandes metrópoles. Hoje, os debates sobre urbanismo passam diretamente por análises de conectividade de IoT – a “Internet das Coisas” – em vários lugares do mundo.
Entre 17 e 21 de outubro de 2021, participei da Gulf Information Technology Exhibition (GITEX), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. É a maior feira de tecnologia do Oriente Médio e uma das maiores do mundo. Tive a oportunidade de conferir as iniciativas do governo dos Emirados Árabes Unidos, que desde o início do século investe pesado para se reinventar como um polo tecnológico. Lá, a inteligência artificial é tratada como política de Estado. Os Emirados querem se tornar líderes mundiais nesse setor até 2031. Conhecendo melhor Dubai, ficou evidente o impacto da tecnologia 5G. É ela que permite um nível de conectividade e aplicações que causará mudanças profundas em diversos aspectos das nossas vidas quando estiver disponível aqui.
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Também estive presente na 10.ª edição do Smart City Expo World Congress, em Barcelona, Espanha. Este evento reforçou que a conectividade será a base das smart cities, onde as novas tecnologias de informação poderão oferecer melhorias na qualidade de vida das pessoas. Existem diferentes definições do conceito de cidades inteligentes, mas, de modo geral, podemos definir como agrupamentos urbanos que utilizam a coleta de dados e a integração pela internet para oferecer espaços mais eficientes e convenientes para os seus habitantes.
Já existem tecnologias acessíveis capazes de instrumentalizar a infraestrutura pública com o uso de sensores que coletam dados e se conectam à nuvem em uma troca ideal de informações controlada por inteligência artificial em vários níveis. Esse sistema integrado analisa e propõe melhorias, por exemplo, na gestão do trânsito, em acessos ao sistema de saúde e de sustentabilidade. Um exemplo é a cidade de Yokohama, no Japão, onde foi possível reduzir drasticamente o congestionamento e a poluição veicular com a implementação de um serviço de compartilhamento de carros elétricos.
Outro aspecto em destaque nos programas para cidades inteligentes é a telemedicina, recurso que permite o acesso dos habitantes a consultas através de dispositivos móveis. Também há propostas aplicáveis na educação, como o controle de entrada e saída de alunos e aulas remotas. É possível desenvolver ações preventivas na segurança pública, no controle do tráfego, de iluminação e outros aspectos da vida cotidiana.
O uso das tecnologias diminuirá o tempo de resposta na detecção e solução de problemas. No Brasil, ainda engatinhamos na implementação de sistemas eficazes de smart cities. Faltam itens básicos de infraestrutura (rodovias, trens, metrôs, mobilidade urbana, em geral) e de saneamento. Pensando especificamente em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília (só para citar algumas), temos problemas cotidianos como enchentes e congestionamento. Todas essas questões poderiam ser minimizadas com a tecnologia. Imagine o que isso significaria em aumento da qualidade de vida? Acreditamos que é possível transformar as grandes cidades brasileiras nos mesmos moldes das americanas, europeias e asiáticas.
Com a chegada do 5G, temos a expectativa de que alguns passos possam ser dados para que a tecnologia se torne parte do cotidiano da maior cidade do país. Alguns dos antigos problemas de infraestrutura ainda carecem de solução definitiva, mas a adoção de políticas públicas pode abrir caminhos para novas respostas tecnológicas aos problemas existentes. Para isso, é preciso uma integração entre poder público, entidades privadas e profissionais do segmento. Assim, no médio prazo, poderemos tornar nossas cidades mais inteligentes e melhores para todos.
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