Iracema Portella*
Recentemente, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgou estudo que coloca o Brasil numa posição extremamente preocupante no que diz respeito à questão da violência. O Brasil concentra quase um décimo das mortes por homicídios ocorridos no mundo, revelou o levantamento da ONU.
Foram registrados no nosso país 43.909 assassinatos de um total de 468 mil no mundo todo. Cabe lembrar que a população brasileira corresponde a menos de 3% dos habitantes do planeta.
O coordenador do Mapa da Violência no Brasil, Julio Jacobo Waiselfisz, fez um alerta importante: “Temos 34,5 milhões de jovens de 15 a 24 anos de idade. Mais ou menos 19% desses jovens não estudam nem trabalham”, advertiu o pesquisador.
Os dados usados na pesquisa da ONU mostram que os crimes têm migrado dos estados mais populosos em direção a pontos antes relativamente tranquilos. Alagoas, Pará, Rondônia e Mato Grosso são alguns dos estados que registram os piores índices de violência.
O estudo das Nações Unidas mostrou que, na América do Sul, a taxa é de 15,6 homicídios por 100 mil habitantes, praticamente o dobro da média mundial. No Brasil, são 22,3, contra 33 por 100 mil na Colômbia e 49 por 100 mil na Venezuela. Na outra ponta, estão o Chile, com 3,7 mortes, o Suriname, com 4,6, e o Peru, com 5,2, sempre em relação a cada 100 mil moradores.
O relatório afirmou que tais políticas, aliadas às ações adotadas localmente, explicam, por exemplo, a redução da taxa de criminalidade em São Paulo, que passou de 20,8 homicídios por grupo de 100 mil habitantes em 2004 para 10,8 em 2009.
PublicidadeO quadro verificado em São Paulo e em outros estados brasileiros revela, portanto, que é possível, sim, combater a violência. Mas precisamos acelerar o passo nessa luta. Precisamos adotar ações em várias frentes.
Na área da prevenção, é fundamental oferecer aos nossos jovens alternativas concretas para que possam se desenvolver plenamente.
Temos que melhorar nossas políticas públicas em setores como educação, saúde, moradia, transporte, esporte, cultura e lazer.
Mas é crucial, nessa luta, avançar nas políticas públicas de segurança e nas campanhas de diminuição da circulação das armas na sociedade.
Nesse sentido, quero destacar a iniciativa do Ministério da Justiça, que, desde maio deste ano, já recolheu 25 mil armas em todo o País, 12% delas de tipo pesado, como fuzis e metralhadoras.
Com certeza, o combate à violência é um dos nossos maiores desafios. Precisamos, portanto, unir forças em todas as esferas governamentais para enfrentar esse problema que está no topo das preocupações dos brasileiros e que, infelizmente, tem ceifado vidas de milhares de jovens em todo o país.
*Deputada federal pelo PP do Piauí
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