Eduardo Braga*
Durante a Segunda Guerra Mundial, como resultado de um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos, dezenas de milhares de retirantes nordestinos foram mobilizados pelo exército e transportados para a Amazônia para extrair borracha para alimentar a indústria norte-americana, já que os seringais da Malásia, controlados pelos ingleses, estavam bloqueados pelas forças japonesas.
Estes brasileiros, responsáveis pelo Segundo Ciclo da Borracha e pela expansão demográfica da Amazônia, são conhecidos como Soldados da Borracha.
Mas ao contrário dos Pracinhas, estes bravos brasileiros só receberam o devido reconhecimento do governo brasileiro como combatentes da Segunda Guerra Mundial em 1988, com o advento da nova Constituição, e até hoje ainda lutam para receber uma pensão justa, como recebem todos os ex-combatentes.
Na quarta-feira (23), após décadas de uma inconcebível injustiça, o Senado aprovou a Proposta de Emenda à Constituição 61/2013 que prevê uma pensão mensal vitalícia equivalente a dois salários mínimos a cada um dos soldados, além de uma indenização, em parcela única, no valor de R$ 25 mil, e que será estendida aos dependentes dos seringueiros na data de entrada em vigor da Emenda Constitucional.
Sem qualquer tipo de treinamento, estes valorosos brasileiros trabalharam arduamente para auxiliar o Brasil e os demais Aliados contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), mas a verdadeira guerra que eles travaram foi particular, contra a floresta e doenças como a malária, uma luta diária pela sobrevivência.
Uma batalha que todos aqueles que conhecem de perto a Floresta sabem exatamente o quão cruel ela pode ser.
A promessa de retorno para casa após o fim da guerra foi, na verdade, para poucos, já que a maioria dos trabalhadores morreu enfrentando as dificuldades e agruras típicas da selva.
O Senado finalmente saldou esta dívida histórica do país. A aprovação da PEC é o reconhecimento e a valorização destes verdadeiros heróis nacionais.
*Eduardo Braga é senador pelo PMDB do Amazonas e líder do governo no Senado.
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