O Brasil está chegando, outra vez, à hora do voto. Precisamos de reflexão cidadã sobre o papel dos futuros prefeitos e vereadores do Brasil, eleitos ou reeleitos, na formação de nossa sociedade. Os prefeitos hoje têm, com raras exceções, conseguido se reeleger para segundos mandatos. Isso muda substancialmente a capacidade de planejar as cidades, saindo do curto prazo de quatro anos para oito anos, o que permite pensar melhor na modernização urbana do país.
A primeira coisa que o futuro prefeito deve pensar é no exercício do mandato com espírito público e sinceridade de propósitos. Tem razão o ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner, quando afirma que o principal pré-requisito de um prefeito é gostar de sua cidade.
Quando alguém permite que uma rua receba pavimentação de baixa qualidade, por exemplo, está criando um gasto futuro óbvio. É diferente quando o pavimento é de boa qualidade. A prefeitura leva décadas para precisar voltar àquela rua e pode aplicar o recurso em outras prioridades. O Brasil será melhor quando as prefeituras usarem os parcos recursos disponíveis para executar obras de qualidade, feitas para durar, mesmo que sejam um pouco mais caras e ainda que em volume um pouco menor.
O bom administrador conseguirá até mesmo driblar as armadilhas da impopularidade. As invasões, por exemplo, proliferam no Brasil profundo e até perto do Congresso Nacional, em Brasília. O gestor público deve se antecipar a esse processo, criando incentivos aos loteamentos de baixo custo. Não dá para cobrar do dono de um único terreno, muitas vezes herança familiar, que asfalte as ruas, implante a estrutura para receber a iluminação pública, a tubulação de água e telefone, além de construir calçadas, como se cobra dos condomínios de alto luxo – que precisam fazer essas obras, sob pena de não atrair o público alvo.
O proprietário do lote de baixa renda, às vezes, não tem dinheiro nem para garantir a segurança da terra. Vêm os invasores e ocupam o local. A prefeitura, que recusou incentivá-lo, é obrigada, em pouco tempo, a fazer tudo o que havia recusado antes, com o ônus das ruas minúsculas, tortuosas, sem nenhum compromisso com o resto da cidade.
O governo federal tem o programa Minha Casa, Minha Vida, recentemente iniciado, que denuncia muitos prefeitos – sem querer denegrir ninguém – por nada terem feito para habilitar a cidade e buscar parceiros capazes de fazer habitações para a população de baixa renda. E quando isso ocorre, o resultado é a invasão, com toda a falta de planejamento que ela representa.
Sugiro e faço votos, em resumo, que as administrações municipais a serem iniciadas em 1º de janeiro de 2013 partam otimistas para entregar o lugar onde moram melhor do que receberam. Que sejam capazes de campanha atenta aos problemas da população e tudo façam para solucioná-los.
Tomara que todos tenham sucesso. Tomara que um Brasil melhor emerja das urnas. O país precisa, o povo pede e todos nós torcemos para que seja assim.
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