Sem dúvida, as manifestações que têm ocorrido por todo o país não são fruto apenas da insatisfação com o transporte público brasileiro. Evidentemente, por trás disso está a saturação com o baixo nível de nossa representação política, com a consequente corrupção e mau uso dos recursos públicos.
Nossos jovens finalmente saíram das redes sociais e ganharam as ruas, com uma agenda ao mesmo tempo ampla e difusa, que reúne temas como a PEC 37 contra o Ministério Público, o voto livre, os excessivos gastos públicos para os megaeventos, e vários outros temas.
Um conjunto de protestos que, se à primeira vista parecem genéricos, na verdade, são contra a pouca transparência e a ineficiência dos investimentos públicos, questões que organizações da sociedade civil já vêm enfrentando faz tempo. É bom observar que é pela ação dos jovens que são “contra tudo o que está aí” que se criam as condições necessárias para a viabilização de propostas objetivas.
Para além do Movimento Passe Livre, o Movimento Brasil Eficiente procura dar a sua contribuição objetiva. Criado em 2010, o MBE reúne federações empresariais, empresas dos mais variados segmentos, trabalhadores e mesmo profissionais liberais. E uma de suas bandeiras principais é a otimização da carga tributária, para que seja mais eficiente e justa para a sociedade.
E esse movimento acaba de divulgar a campanha “Assina Brasil”. A ideia é recolher 1 milhão e meio de assinaturas em defesa da simplificação tributária. Os economistas e juristas que participam do MBE querem propor a chamada “Simplificação Fiscal” por meio da redução do número de impostos. Para eles, este seria o ponto de partida para a redução definitiva da carga tributária. Segundo o MBE, hoje são mais de 60 tributos, muitos dos quais nem sabemos que pagamos.
Para o movimento, é possível reduzir progressivamente a carga tributária em 1% ao ano, de modo que em 2020 ela já esteja em 30% do Produto Interno Bruto. Hoje, a carga está perto de 40%, o que compromete a qualidade de vida dos cidadãos e até os investimentos públicos. E, com isso, sair de um patamar de 17% de poupança interna para 25%, que é a média dos países em desenvolvimento.
O economista Paulo Rabello de Castro, coordenador do movimento, afirma que “o brasileiro ficará menos pobre a partir do dia em que tivermos impostos racionalizados e uma despesa pública eficiente”.
A campanha Assina Brasil já está no ar, no próprio site do movimento, o www.brasileficiente.org.br, e já conta com mais de 160 mil adesões.
Manifestar nas ruas é muito importante na medida em que é uma demonstração inequívoca da insatisfação coletiva com a nossa representação política; um recado alto e claro para parlamentares e gestores públicos. Mas é fundamental participar dia após dia das ações das organizações da sociedade civil que já existem, pois são elas que têm as lideranças civis e as propostas concretas para as mudanças que todos desejamos.
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