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Os 20 anos da morte do Paulo Francis: é hora de avaliarmos sua trajetória com um pouco de compreensão

02.02.2017 16:00 2

2 respostas para “Os 20 anos da morte do Paulo Francis: é hora de avaliarmos sua trajetória com um pouco de compreensão”

  1. LUIZ FERNANDO CABEDA disse:

    COMO FAZER UMA “HOMENAGEM” DESASTROSA, OMITIR O MAIS IMPORTANTE, NÃO DAR NENHUM FECHO À ANÁLISE E PROPOR UMA EFEMÉRIDE LAUDATÓRIA INCAPAZ DE RECONSTITUIR ALGUMA VERDADE – O jornalista Celso Lungaretti escorregou em uma casca de banana e produziu um texto confuso que é uma “aula” sobre como NÃO reconstituir fatos históricos.

    Dizer que a primeira lição de jornalismo aprendida por Francis foi a de “escrever com simplicidade e clareza, em vez de pavonear-se com exibições desnecessárias de erudição” parece ser algo tirado da “novilíngua” de George Orwell, pois, se essa foi a primeira lição, o mais próprio seria afirmar que ela NÃO FOI APRENDIDA.

    Francis sempre exercitou o narcisismo e até fazia apanágio disso. Recorria ao plágio, do qual há muitos registros. Seu livro “Trinta Anos Esta Noite” copia o título do filme de Louis Malle, como foi traduzido no Brasil, “Le Feu Follet”.
    Os vexames de informar que o almirante Yamamoto, comandante da marinha japonesa que morreu durante a II Guerra, havia comparecido à estréia do filme “Bora, Bora, Bora” nos anos ’70, bem como suas desavenças por veicular infâmias contra seus colegas no teatro, a ponto de apanhar de Paulo Autran, são alguns acontecimentos relevantes para desenhar seu perfil.

    Por fim, ele virou nos EUA eleitor do Partido Republicano, como revelado pelo jornalista seu amigo Lucas Mendes, e perdeu completamente o pudor para com suas anteriores análises contestatórias às idéias autoritárias e conservadoras, no Brasil e no mundo.

    Seu melhor texto, “Cabeça de Papel” é, antes de tudo, um auto-retrato.
    Francis tinha grandes méritos, principalmente como crítico da cultura, que ‘conviviam’ com abissais encenações de grandeza, prepotência, elitismo rancoroso e pensamento excludente.
    Não tinha pejo de, oriundo de um país em que a pobreza é grande, dizer que tinha nojo de pobre, detestava seu cheiro e ansiava pela volta da escravidão. Conquanto essas barbaridades pudessem revelar apenas um grande sarcasmo, elas também se confundiram com manifestações parecidas que só vieram a ser feitas pelo general “cavalgadura” Figueiredo durante seu governo.

    Lungaretti parece não ter visto o excelente documentário “Caro Francis”, que mostra o final melancólico do jornalista. A acusação aos diretores da Petrobrás pouco antes de sua morte FOI LEVIANA, tanto que – por não ter fonte alguma – Lucas Mendes propôs que fosse retirada do programa Manhattan Connection, previamente gravado. Francis não quis, por amor a si mesmo, por empáfia, por jactância.
    É uma legítima “pós-verdade” afirmar que ele então sabia dos roubos que vieram a acontecer dez anos depois. Se fosse assim, por que Francis retirou as acusações e retratou-se no mesmo programa?
    A análise de Lungaretti é tão errada que não respeita os pressupostos primários da lógica: prever que um homem vai morrer não é nenhuma “previsão”, já que todos os homens são mortais.

    O texto da efeméride embute situações absolutamente não verdadeiras, como quando revela que Francis estava cansado de ser preso. Pelo que se sabe, ele esteve junto com a leva de jornalistas do Pasquim que foi encarcerada quando o regime militar se assustou com a alta tiragem (leia-se influência na formação de opiniões, superação da censura então vigente) da edição que continha a entrevista da Leila Diniz. Esse evento existiu e deve ser mencionado, mas nada tem a ver com uma “cadeia imáginária” em série.

    O jornalismo tem muitas funções, boa parte delas tão importante que a sociedade moderna não pode prescindir delas. Lungaretti precisa ver, pelo menos, o filme “Conspiração e Poder” para aprender um pouco a respeito delas. A que mais se salienta é o dever de não mentir e, ainda quando a mentira prevaleça, ter a coragem do desmentido.

    • Celso Lungaretti disse:

      Não discutirei as OPINIÕES do sr. Cabeda sobre o artigo, porque este espaço é dele (comentarista) e não meu (autor).

      Apenas esclareço que o Paulo Francis, obviamente, CITOU e não PLAGIOU o título do filme famoso de Louis Malle. Até porque o título COMPLETO do livro é “Trinta anos esta noite – 1964: o que vi e vivi”. Evidentemente, a ideia lhe ocorreu em função de o livro ser de 1994 e a ditadura militar equivaler a uma longa noite que se abateu sobre o Brasil. Fazia todo utilizar o nome do filme COM OUTRA CONOTAÇÃO, evidenciada no subtítulo.

      Quanto às prisões do Paulo Francis, houve uma logo após a decretação do AI-5, ao desembarcar no aeroporto do Galeão, e que durou algumas semanas; e outra em novembro de 1970, quando prenderam também outros oito jornalistas do Pasquim, e que durou um mês.

      Conhecendo por experiência própria (a minha foi bem pior, aliás) como eram tais prisões, considero que duas delas eram suficientes para cansar qualquer mortal. E que ele fez muito bem em se colocar a salvo de tais sequestros legalizados.

      De resto, estou evitando ser contundente, pelo motivo que destaquei logo na primeira linha. Mas, não conseguiria manter tal postura ao tocar no assunto das circunstâncias da morte do Paulo Francis. Então, prefiro apenas lembrar o que escreveu a tal respeito o Carlos Heitor Cony, cujas palavras faço minhas:

      “Desde o primeiro indício de que, mesmo não sendo a Dinamarca, havia alguma coisa de podre no reino da Petrobras, meu primeiro pensamento foi o calvário de um jornalista, meu amigo Paulo Francis. No programa que então fazia, e gravado em Nova York, ele acusou os sobas que mandavam na maior estatal do Brasil.

      Não chegou a citar nomes, falou que o estado maior da Petrobras, engenheiros, diretores e seus respectivos patronos formavam uma quadrilha de bandidos que roubavam descaradamente a empresa, justamente em sua cúpula administrativa e técnica.

      Evidente que a ‘suspeita’ do Francis foi desmoralizada pela própria Petrobras, que usando e abusando do dinheiro da fraude, processou o jornalista por calúnia, no foro de um país que tem a fama de ser o mais severo na matéria. A multa chegaria a US$ 100 milhões, mais custas e honorários.

      Seus amigos e admiradores, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e outros do mesmo nível procuraram o presidente da empresa para explicar o absurdo do processo e da multa. A Petrobras, com o dinheiro dos outros, venceu a questão.

      Paulo Francis entrou em depressão, tal e tanta, que meses depois morreu subitamente. Agora tomamos conhecimento gradativo que um jornalista culto e bem informado tenha feito as acusações que hoje são objeto de uma CPI e de um clamor que atinge não somente a honra da nação, mas a vergonha de todos nós”.

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