Em meus cinquenta anos de vida, chorei inúmeras vezes. Não escondo isso. Sou emotivo por natureza e não considero vergonha alguma deixar que as lágrimas venham quando não consigo controlar a emoção. Já chorei muito, algumas vezes de alegria, outras vezes de tristeza. Poucos dias atrás, chorei novamente, mas não foi nem por uma razão nem por outra. Chorei, sim, a despeito das milhares de testemunhas que assistiam, enquanto eu recordava uma das passagens mais marcantes de minha vida, no programa Balanço Geral DF – HISTÓRIA DE SUCESSO, da TV Record, que foi ao ar no dia 8 deste mês.
No quadro, de título “O operário que virou professor”, o repórter revisitou diversos episódios de minha vida em Brasília, a começar pela minha chegada à Capital, aos oito anos de idade, acompanhado de minha mãe e de quatro irmãos (hoje somos sete). Vínhamos da pequena cidade de Encanto, no Rio Grande do Norte, a 2,7 mil quilômetros daqui. O objetivo era reencontrar meu pai, o querido e saudoso Zuza, que trabalhava nas obras de construção civil da cidade como pedreiro, construindo apartamentos no Cruzeiro e, mais tarde, casas no Setor O de Ceilândia.
Em outros artigos, já narrei como foram aqueles primeiros anos em Brasília, como migrante pobre que, ainda menino, precisou trabalhar como ajudante do pai, virando massa e fazendo outras tarefas típicas de servente de pedreiro. Tudo para ajudar no custeio das despesas da família e arcar com os gastos dos estudos, como passagens e material escolar. Antes do emprego como ajudante de pedreiro, cheguei até a vender ovos pelas ruas de Ceilândia. O fato é que, desde muito cedo, entendi que precisava ser um apoio em vez de um peso para minha família.
O repórter foi muito feliz ao contar a minha história. Ele lembrou de outras passagens marcantes, como a época em que morei num trailer, para poder trabalhar durante o dia e estudar de noite. Naquela época, eu dependia de ônibus para me locomover entre locais distantes. A opção pelo trailer era uma questão de sobrevivência: residir ali me poupava ir para casa muito tarde da noite, correndo riscos de ser assaltado e espancado, como já ocorrera algumas vezes. Aliás, foi em uma dessas emboscadas que descobri a vocação para corredor de rua, talento que acabei desenvolvendo com sucesso na maturidade. Corri muito mais do que os ladrões, conseguindo escapar do assalto como Usain Bolt escapa dos adversários nos cem metros rasos.
O clímax da reportagem do Balanço Geral, porém, ocorreu quando comecei a narrar um fato que aconteceu há muitos anos. O dia teria sido rotineiro, não fosse justamente o incidente, cujo cenário foi o interior de um ônibus lotado. Eu estava a caminho do trabalho, em uma oficina autorizada da Mercedes Benz. Era muito cedo, horário em que os jovens costumam estar a caminho da escola. Mas não eu. Com apenas catorze anos de idade, já estudava à noite. De manhã, ia para o escritório, levando minha marmita para almoçar e aguentar a longa jornada até sair, no fim da tarde, direto para a sala de aula.
Pois então. Naquele dia, quente como os que temos enfrentado neste fim de inverno, o almoço não chegaria ao destino, meu estômago faminto. Uma freada brusca enquanto eu estava distraído foi o suficiente para a marmita me escapar das mãos e espalhar no assoalho, na parte da frente do ônibus, todo o seu conteúdo: arroz e ovo, nada mais. Naquele dia, era tudo o que tínhamos em casa para comer.
A cena foi patética. Fiquei paralisado, sem conseguir sair do lugar para pegar a marmita de volta. Percebi que as pessoas me olhavam condoídas, não sei se por saberem que eu acabara de perder meu almoço ou por constatarem que eu teria apenas arroz e ovo para almoçar. Apesar da vergonha, naquele momento não tive vontade de chorar. Consegui me recompor, pegar a marmita de volta e terminar a viagem sem demonstrar o sofrimento que o incidente me causara.
Só mais tarde, sozinho e sem testemunhas, me entreguei às lágrimas, com a mesma intensidade que chorei ao contar a história na televisão. O que aconteceu naquele ônibus foi uma experiência muito marcante para mim. Mas foi também o que me fez jurar para mim mesmo que nunca mais passaria necessidade nem deixaria que isso acontecesse com minha família. Felizmente, cumpri a promessa. Saí daquela situação de extrema pobreza para uma posição de destaque como empreendedor e dirigente da maior escola preparatória para concursos públicos do Brasil, com mais de trinta mil alunos matriculados e duas dezenas de unidades em funcionamento em Brasília e outras cidades.
Essa trajetória de empreendedor, como mostrou o Balanço Geral, começou nos anos oitenta, quando comecei a dar aulas de Direito Administrativo e de Administração Pública no curso que seria a origem do Gran Cursos de hoje. Acabei me associando a outros colegas na direção do empreendimento, e, com o tempo, tornei-me diretor-presidente e único proprietário. Ao meu lado, apenas minha esposa, professora Ivonete Granjeiro, que partilha, desde aqueles primeiros anos, todos os sonhos, todas as realizações e todos os fracassos – momentos de aprendizagem e, felizmente, de sucesso.
O que posso dizer é que não foi fácil chegar até aqui. Isso só foi possível porque acredito no que faço e nunca me deixo vencer quando surge algum obstáculo no caminho. Considero uma missão, e não apenas uma profissão, trabalhar com ensino na área de concursos públicos. E também uma enorme responsabilidade, pois posso transformar em realidade o sonho de milhares de pessoas que desejam seguir carreira como servidores públicos, profissão que exerci com muito orgulho por dezessete anos, antes de me dedicar apenas à iniciativa privada. E com o mérito de ter ingressado na carreira pública apenas por concurso, em diversos setores do governo, tendo sido aprovado em nada menos do que oito seleções nesse período.
Agora, que cheguei ao terceiro ato da vida, os cinquenta anos de idade, ainda tenho muito a contribuir para ajudar a quem quer ter o governo como patrão e gozar as vantagens de ser titular de um cargo público: bom salário, estabilidade no emprego, pagamento rigorosamente em dia, possibilidade de ascensão profissional, benefícios diversos para si e para a família, entre os quais bons planos de saúde, e uma aposentadoria vantajosa, mesmo com as novas regras da Previdência dos servidores.
Em pouco mais de 26 anos de atuação do hoje Gran Cursos, passaram por nossas salas de aula cerca de 500 mil pessoas que hoje ocupam cargos públicos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. E não me refiro só ao governo federal, mas também aos estados e aos municípios, que, assim como a União, atraem muitos dos nossos concurseiros. Por isso, não posso considerar exagerada nossa meta de alcançar um milhão de alunos aprovados em concursos e empregados em cargos públicos dentro de poucos anos.
Acredito que essa será nossa maior conquista. Espero fazer uma grande festa para comemorar esse primeiro milhão de aprovados, talvez em prazo mais curto do que o que foi necessário para alcançar os primeiros quinhentos mil. Não só porque o número de concursos é cada vez maior, mas também porque nossos métodos de trabalho são constantemente atualizados e aprimorados para oferecer o que há de melhor no setor de concursos. Sobretudo o fator humano, nossa maior preocupação: os melhores professores estão aqui, o que é meio caminho andado para nossos excelentes resultados.
Se você leu este artigo e está disposto a vencer o desafio, venha conosco. Se minha história de vida lhe servir de motivação, tenho certeza de que você será bem-sucedido e logo poderá comemorar o seu
Feliz cargo novo!
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