A sétima etapa da chamada Operação Lava Jato realizada no último dia 14 pela Polícia Federal prendeu 21 altos executivos das nove maiores empreiteiras do país, incluindo os presidentes da Camargo Corrêa, OAS, Iesa e UTC. O vice-presidente da Mendes Júnior também está entre os detidos e os escritórios da Odebrecht foram vasculhados. O ex-diretor da Petrobras Renato Duque também foi detido. A operação investiga a formação de cartel, fraude e desvio de recursos da Petrobras.
Em março, a primeira parte da operação prendeu o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Inicialmente, a operação foi montada para investigar lavagem de dinheiro e evasão de divisas, mas a investigação logo apontou para a Petrobras e um esquema de formação de cartel entre as grandes empreiteiras, que se reuniam e dividiam os contratos entre si. As licitações eram fraudadas, as obras superfaturadas, a exemplo da refinaria Abreu e Lima (PE) e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) no Rio, e as propinas eram pagas a políticos e diretores da estatal. Juntas, essas empreiteiras mantêm contratos que somam nada menos que R$ 59 bilhões com a Petrobras (entre 2003 e 2014). A estatal é o atual principal cliente de todas essas empresas. Segundo a polícia, outras seis empreiteiras estariam envolvidas, mas ainda não se teriam provas suficientes para uma ação contra elas. Além das principais empreiteiras e da direção da Petrobras, as investigações e os depoimentos tomados na delação premiada revelariam o envolvimento de nada menos que 40 políticos.
Fala-se na imprensa que este escândalo tem fôlego para superar o mensalão. E, por todos os lados do chamado mundo da política se vê as reações mais previsíveis. Por um lado, a direita e o PSDB ficam animados, e os mais extremados chegam a falar em impedimento da Dilma. Nada mais típico do oportunismo e da canalhice política dessa gente.
O escândalo de corrupção que ora assistimos na Petrobras é filhote da quebra do monopólio do petróleo realizado pelo governo do PSDB (FHC), da privatização e terceirização que este partido impulsionou na empresa nos oito anos que governou o Brasil.
O PT, por sua vez, tenta sair pela tangente mais uma vez. Volta com a já surrada conversa de “golpe da direita” tentando fugir de sua responsabilidade. Na verdade, o PT, quando assumiu com Lula (em 2003) e depois com Dilma, continuou e aprofundou o processo de privatização e terceirização da empresa que FHC vinha fazendo.
A Petrobras tem hoje cerca de 80 mil empregados diretos e mais de 350 mil terceirizados! É aí que se constrói o paraíso destas empreiteiras, movendo bilhões em contratos com a Petrobras.
Os dois partidos têm, então, responsabilidade na situação em que se encontra a Petrobras neste momento. Ambos estão envolvidos nas relações promíscuas com as empreiteiras. Não é a toa, como divulgou a grande imprensa recentemente, que as empreiteiras da construção civil são as grandes financiadoras da vida cotidiana dos grandes partidos, como PT, PSDB e PMDB. Mas não é só isso. Estas empresas foram também as grandes financiadoras das candidaturas da Dilma e também de Aécio Neves na última eleição. A grande maioria dos deputados e senadores eleitos na eleição passada recebeu dinheiro oriundo destas empresas para financiar sua campanha, seja através da doação direta ou via partido.
Este é o retrato da corrupção e da política brasileira que a operação Lava a Jato, da Polícia Federal, traz novamente à tona. Os trabalhadores e jovens do nosso país devem sim, portanto, repudiar a direita retrógrada, seja o PSDB ou os delirantes defensores da “volta dos militares” (cujo peso político, aliás, é irrelevante no país neste momento). Mas nem por isso devem ficar refém do PT ou da defesa deste governo que aí está. É preciso denunciar duramente o triste papel que este partido e o governo Dilma cumprem neste e em outros escândalos. É tarefa das organizações dos trabalhadores e da juventude organizar manifestações que exijam mudanças reais nesta situação, com a prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores. As empresas que roubaram e se enriqueceram com dinheiro público devem ser estatizadas, sem indenização, e controladas pelos trabalhadores. Ao mesmo tempo, temos que lutar pelo fim da terceirização na Petrobras que deve ter responsabilidade por todos os trabalhadores que operam para a empresa. E, por fim e não menos importante, a nossa luta é também pela reestatização da Petrobras e o fim das parcerias com empresas privadas.
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