Cláudio Versiani, de Nova York*
“Luiz Inácio falou, Luiz avisou
São 300 picaretas com anel de doutor…
Lobby, é conchavo, é propina e jeton”
“Que país é este? Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado.”
“Se gritar pega ladrão
Não fica um, meu irmão”
“Se entrar no supermercado… Você é roubado
E se andar despreocupado… Você é roubado
E se pegar no ponto errado… Você é roubado
E também se votar pra deputado… Você é roubado
Certo! Tem sempre 171 armando fria
Tem ladrão lá no Congresso, na fila da padaria
Ladrão que rouba de noite, ladrão que rouba de dia”
“Estão nas mangas dos Senhores Ministros
Nas capas dos Senhores Magistrados
Nas golas dos Senhores Deputados
Nos fundilhos dos Senhores Vereadores
Nas perucas dos Senhores Senadores
Senhores!
Senhores!
Senhores!
Minha Senhora!
Senhores!
Senhores!
Filha da Puta!
Bandido!
Corrupto!
Ladrão!”
Melhor ler esta coluna ao som dos Paralamas do Sucesso e da Legião Urbana, dois conjuntos brasilienses que conhecem bem a cidade que é a síntese do país. Ou ainda ao som de Ary do Cavaco, talvez Bezerra da Silva. Se preferir, vá de Titãs.
Luiz Inácio e seu bando de aloprados são uns desmemoriados. Esqueceram várias de suas promessas, não ficam nada a dever ao estereótipo do político brasileiro.
Entra ano, sai ano, mais uma eleição, e o Pelé continua tendo razão. Você abre o jornal ou o computador e estão lá ACM, José Sarney, José Dirceu e seu blog cara de pau e muitos outros opinando (sic) sobre tudo. Quem é esse tal de Zuleido, que é o amigo generoso dos políticos? O cara patrocina tudo, viagem de avião, de barco e ainda distribui dinheiro para quem quiser e parece que muita gente quis. Pobre coitado, hoje ninguém mais conhece o Sr. Zuleido Veras. E o Renan Calheiros continua presidente do Senado?
O Brasil é um país tão maluco (seria cômico se não fosse trágico) que nós subvertemos tudo. O Zuleido é conhecido como “Charles Bronson do Nordeste”. Ora, o Charles Bronson sempre fez papel de mocinho. E o Sr. Veras, ao que consta, é um Bandido com B maiúsculo. O nome da empresa dele, a construtora Gautama, é uma homenagem a Buda, que deve estar esperneando por aí em uma outra dimensão. Pobre Buda. Dalai Lama não se manifestou.
Zuleido era homem da construtora OAS em Brasília. Na capital do Brasil, costumava-se dizer que OAS significava Obras Arrumadas pelo Sogro. Também foi amigo do falecido e “suicidado” Paulo César Farias, o Paulinho Gasolina, tesoureiro do ex-presidente e atual senador Fernando Collor. Parece que aprendeu direitinho.
Para que não haja mal-entendidos: eu adoro o Brasil e tenho orgulho de ser brasileiro, pelo menos por algumas coisas. Não gostaria de ter nascido em nenhum outro país e não troco os amigos brasileiros que fiz pela vida por nada neste mundo. Mas quando vejo e leio as notícias, sinto vergonha do Brasil que está nas telas dos computadores.
Parece contraditório? Não é. O problema é que não sei aonde anda o Brasil do qual tenho orgulho. O Brasil que conheci sumiu.
Esta coluna está ficando grande. Cansou, vá ler sobre o Alemão do Big Brother, a filha da Gretchen ou sobre a Paris Hilton, o assunto internacional "mais importante" do momento. Talvez seja mais interessante.
Assim como os presos da Operação Navalha, Paris Hilton foi solta três dias depois de presa. Diferentemente dos indiciados pela Navalha, ela teve que voltar para a prisão e cumprir sua pena de 45 dias. Foi uma chiadeira geral quando ela foi libertada. Aqui nos EUA, opinião pública conta. Antes mesmo de a Navalha passar pelo Planalto Central e seus arredores, o país já era sacudido pela Operação Hurricane (Furacão). A Justiça vai ter trabalho para soltar outros tantos.
Desconfio que este texto pode parecer sem pé nem cabeça, mas não tem importância, estamos falando do Brasil, país que não tem pé e muito menos cabeça.
Vem presidente, vai presidente, e continuamos na mesma. Quando é que um governante brasileiro vai pegar um pouco do dinheiro que o povo brasileiro paga aos cofres públicos e investir em educação? FHC saiu devendo, Lula ainda tem dois anos e meio para pagar. Alguém aposta no presidente?
Por falar no presidente, a família anda lhe causando alguns pequenos problemas. Não bastasse o filho, agora apareceu o irmão Vavá.
Difícil saber até onde vai a indignação da imprensa e aonde começam os interesses dos barões da mídia.
Todo mundo é inocente até que se prove o contrário, diz a lei. Pelo visto, no Brasil é muito difícil de se provar o contrário.
Por onde andam Marcos Valério, Luiz Estevão e aquele juiz que o povo costumava chamar de Lalau?
E os mensaleiros, sanguessugas, vampiros, mafiosos das ambulâncias, onde estão?
E a grana que sumiu, alguém devolveu?
E a cratera de São Paulo, quanto tempo para se descobrirem os responsáveis? Quanto tempo para puni-los? E eles serão punidos?
Muito se discutiu sobre a redução penal, e qual foi o resultado dessa polêmica? A questão não é estabelecer com que idade a pessoa pode ser ou não punida. O problema é a falta de punição. Cadeia no Brasil, só para pobre. Penitenciária brasileira é escola para criminoso.
E quem está preso? Os pobres brasileiros pobres são punidos ao longo de toda a vida. Por onde anda a inteligência da PM e da Policia Civil? Se os fotógrafos de imprensa conseguem fazer imagens de garotos com fuzis nas favelas cariocas, por que a polícia não consegue prender os bandidos? E se a velhinha do Rio filma os traficantes, por que a polícia carioca não é capaz de fazer o mesmo e prendê-los?
Em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) fez festa com direito a churrasco, cerveja, maconha e cocaína. A polícia viu as imagens e, segundo os jornais, ficou indignada. Conversa fiada. Se fosse para valer, teria identificado os bandidos e os teria colocado atrás das grades.
“Esgoto vaza em escola na Rocinha e é o tráfico que resolve”. Leio isso na manchete do Globo Online. Sem comentários. Em março, um garoto de dois anos foi descoberto preso num canil com pit bulls, amarrado pelo pescoço para que ele não estragasse o jardim da casa, explicou o avô. A matéria terminava assim: “De acordo com o avô, a criança tinha sido deixada com ele pela mãe. O pai do menino teria morrido em uma troca de tiros. A mãe começou a namorar com outro homem e decidiu fugir com ele, deixando a criança para o avô”. Se isso não é mundo cão, o que mais poderia ser?
Confesso que tem dia que não tenho muito ânimo para abrir os sites brasileiros. Fico imaginando qual será a noticia ruim do dia.
Mesmo assim, a realidade me surpreende, principalmente quando leio que os traficantes do Rio de Janeiro controlam até o trafego aéreo das favelas cariocas, queimam ônibus e passageiros, atacam delegacias e postos policiais com granadas. Ah, não, chega. É demais!!!!!
O que fazer e pensar quando se lê uma notícia como esta:
"Vinte pessoas morreram: nove passageiros de um ônibus interestadual da empresa Itapemirim; uma ambulante atingida por tiros em Botafogo; um homem baleado quando prestava queixa numa delegacia; dois policiais militares e sete bandidos. Entre os 22 feridos, 14 civis e oito policiais. Três suspeitos foram presos…
Os ataques começaram no início da madrugada, quando oito homens fortemente armados interceptaram dois ônibus que passavam pela alça que liga a Rodovia Washington Luiz (Rio-Petrópolis) à Avenida Brasil, próximo à favela de Cidade Alta, em Cordovil. Um deles era da empresa Itapemirim, com 28 passageiros que seguiam de Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo) para São Paulo, e o outro da Viação União. Segundo testemunhas, os criminosos não deram tempo para que todos os passageiros descessem dos ônibus. Sete pessoas que viajavam no ônibus da Itapemirim morreram na hora. Outros dois passageiros foram internados em estado grave no hospital, com 90% do corpo queimados e não resistiram aos ferimentos."
Quem matou o garoto João Hélio? E barbárie tem limite? E por que convivemos com episódios como esse?
Peço licença aos leitores para publicar aqui um trecho da carta de Aline Fernandes, 14 anos, irmã de João Hélio…
Alguém ainda se lembra?
“Brasília, acorda!!!
O principal assassino, DIEGO, disse que não sabe o que é sentir a perda de um filho porque não tem um, mas além de não ter filho não tem coração. O Brasil está em fúria, pena de morte não resolve, eu desejo Justiça rigorosa e para os políticos eu peço consciência, que é hora de mudar. Ao pai do Diego eu agradeço de todo o meu coração, porque ele sim é um cidadão de bem, que teve uma atitude corajosa e digna de um ser humano. Obrigado, Brasil, pelo conforto e pela solidariedade comigo e com minha família. Aonde quer que nosso anjinho esteja, ele sabe que é muito amado, mas agora ele está melhor do que todos nós aqui… JOÃOZINHO PEDE JUSTIÇA.
Conto com a ajuda de todos.
Aline.”
Não podemos reclamar de nada. Somos todos culpados. Aceitamos tudo.
Essa resignação talvez explique o sucesso da atriz Cris Nicolotti cantando Vai tomar no c… no site YouTube. Imagino que é o que muito brasileiro gostaria de falar para alguns outros brasileiros.
Caros amigos, chega de notícia ruim.
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