Desde que derrotou Laudo Natel – o candidato dos generais de plantão que ocupavam o Palácio do Planalto em tempos de ditadura – e chegou ao Palácio dos Bandeirantes, Paulo Maluf – à exceção dos paulistas – sempre esteve entre os políticos mais odiados do país. Acabou preso, quem diria. Até quando? O deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), o do mensalinho, insiste em permanecer na presidência da Câmara, livre, leve e solto. Suas desculpas não se sustentam, cairá de podre. Seu colega Roberto Jefferson PTB-RJ), que denunciou o mensalão, está próximo da guilhotina. Não vai escapar e deve distribuir mais farofa no ventilador, desta vez tendo o Planalto como alvo. Os 18 deputados da lista de Valério caminham para a cassação, se Severino não presidir as sessões, como defendem os líderes da oposição. Publicidade
Enquanto o país assiste atônito ao governo Lula se esfacelar e ao PT se digladiar internamente para ver quem herda os cacos deixados por Zé Dirceu e Genoino, Delúbio, Silvio (Land Rover) Pereira e outros bichos, na eleição interna entre os mais de 800 mil petistas filiados, o Congresso Nacional mais atacado dos últimos tempos enfrenta um teste histórico e decisivo para a Amazônia: a votação do projeto sobre gestão de florestas, que entra em pauta no Senado. Nada se vota por lá, de relevante, há meses. Faz mais de ano que a Câmara dos Deputados ressuscitou as superintendências de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene) extintas, por causa de corrupção, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eleito presidente, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a Sudam e a Sudene voltassem à tona, com as bênçãos do parlamento, mas os projetos estão engavetados no Senado desde o dia 12 de agosto de 2004. Publicidade
Sudam e Sudene só voltam à pauta quando o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, chegarem a um acordo com os governadores em torno da proposta de reforma tributária e da administração de um fundo de desenvolvimento regional, que os estados querem administrar e o Planalto nem sonha em perder o poder de geri-lo. Essa discussão também tem mais de ano. Também há mais de ano não se fala do projeto que desapropria para a reforma agrária as terras onde for flagrado trabalho escravo, desta vez aprovado no Senado e adormecido nas gavetas da bancada ruralista – olha o Severino aí, de novo! – na Câmara dos Deputados. Em tempos de mensalões e mensalinhos, não há clima para tratar de questão tão delicada. PublicidadeÉ por isso que a votação pelo Senado do Projeto de Lei 4.776/2005, que trata da gestão de florestas públicas e estabelece a criação de Florestas Nacionais (Flonas) como uma das formas de destinar parte do território da Amazônia Legal (são mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, quase dois terços do território nacional) para a produção sustentável, pode ser um divisor de águas: é vital para o futuro da preservação da maior floresta tropical úmida do Planeta. O Brasil já perdeu mais de 650 mil quilômetros quadrados da Floresta Amazônica – um território do tamanho da França. Basta! Que o Congresso Nacional casse os corruptos, lave a roupa suja e se depure, cortando fundo na própria carne, mas não esqueça: como diria o poeta Mario Quintana, os políticos passarão, a Amazônia passarinho. |
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