Márcia Denser*
Quem assistiu ao filme Clube da Luta (Fight Club), produção de 1999, direção de David Fincher, com Edward Norton e Brad Pitt nos papéis principais, possivelmente não sabe que é baseado no livro homônimo do norte-americano Chuck Palahniuk, lançado no Brasil em 2000 pela Nova Alexandria. Ficção violenta e dilacerante. E perigosa. E com algumas “receitas” interessantes logo na primeira página:
– “Para fazer um silenciador, basta furar buracos no cano da arma, vários deles. Isso permite que o gás escape e a bala saia abaixo da velocidade do som. Se furar errado, o revólver explode na sua mão.
– Pegue vapor de ácido nítrico com 98% de concentração e adicione três vezes a mesma quantidade de ácido sulfúrico. Faça isso num banho de gelo. Depois, com um contagotas, pingue glicerina lentamente. E você obterá nitroglicerina. A nitromistura a pó de serra também dá um bom explosivo plástico. É só misturar a nitro com algodão e adicionar sal amargo como sulfato. Também funciona.
– Há três maneiras de fazer napalm: primeiro, misturando partes iguais de gasolina e suco de laranja concentrado e congelado. Segundo, misturando partes iguais de gasolina e Coca diet. Terceiro, dissolvendo alimento granulado para gatos em gasolina até formar uma pasta.
– Pegue uma boa quantidade de gelatina explosiva e amarre nas colunas estruturais de qualquer coisa; dá para derrubar qualquer prédio do mundo.”
Já caindo na real, Paulo Arantes também descreve detalhadamente os artefatos que os experts ianques lançam “sem risco” a dez mil metros de altura, as chamadas “quinquilharias” da guerra banalizada de caráter pós-militar:
“Uma nova geração dessas quinquilharias foi testada em alvos vivos na guerra cosmopolita, justa e pós-militar (grifo meu) do Golfo. Receberam particular destaque as bombas BLU-82, com um novo tipo de explosivo FAE (Fuel-Air-Explosives), uma nuvem composta de vários combustíveis altamente voláteis que explodem ao menor contato com o ar. Diz-se que a pressão no centro dessa nuvem equivale a cem quilos por centímetro quadrado e se expande a uma velocidade seis vezes superior à do som, de sorte que a onda de choque produzida e a correspondente combustão do oxigênio destroem qualquer forma de vida em uma área de 350 metros de raio.
Também foram lançados (nos dois sentidos) novos modelos de bombas de fragmentação (Cluster Bombs) – um desses protótipos era composto de 250 pequenas bombas do tamanho de uma pilha de lanterna, cada uma contendo vários tipos de carga: desde lascas de metal afiadas como lâminas de barbear até minúsculos dardos especialmente desenhados para escapar a um exame de raios-X. A título experimental, 2,5 milhões desses gadgets foram despejados sobre uma divisão iraquiana, sem contar os ataques aéreos de novo corte cirúrgico (…). Como compreender tamanha violência na guerra, tanto mais espantosa quanto meticulosa na escolha das armas programadas para matar e aterrorizar a prazo, da parte de sociedades capitalistas cada vez menos militarizadas?”¹
Que tal essas leituras? À venda em qualquer livraria, no Submarino, nas Americanas.com – saber é poder, não é mesmo?
Divirtam-se!
¹ in Extinção, pgs. 55, 58, 59. São Paulo, Boitempo, 2007.
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