Márcia Denser*
Como não foi divulgado tampouco amplamente noticiado, dia 16 de junho passado (segunda-feira) o presidente Lula andou se encontrando com vários intelectuais
Preferindo não apelar para um histórico das relações encontradas e desencontradas de Lula com os intelectuais, Sader conta que a reunião aconteceu depois duma breve viagem à Araraquara onde o presidente, acompanhado com alguns deles, homenageou Gilda de Mello e Souza, esposa de Antonio Cândido, falecida recentemente. Estiveram presentes, por parte do governo, Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, Fernando Haddad, Luís Dulci e Paulo Vanucchi, além de Antonio Candido, Leonardo Boff, Moacyr Scliar, Luiz Gonzaga Belluzzo,
Corte.
No dia 20 de junho (sexta-feira) a primeira página do UOL lasca uma daquelas matérias asquerosas Helicópteros transformam SP em ‘cidade dos Jetsons’, diz ‘Guardian’: “O jornal explica que, devido ao alto número de moradores e carros circulando na cidade, com engarrafamentos de até
E conclui, de forma absolutamente asquerosa (a menos, é claro, se o leitor for masoquista explícito ou secreto ou iniciante ou os três): “Em cima, o mundo da era espacial onde equipes de noticiários voadoras viajam pelo céu para o próximo furo de reportagem, ricos executivos transitam sem esforço entre condomínios de luxo e reuniões de negócios, embaixo, o caos congestionado onde a vasta maioria dos moradores se espreme numa orgia de engarrafamentos e acidentes.”
Corte.
Agora a pergunta que não calar: por que uma reunião do presidente com os intelectuais do país é algo ignorado pela mídia, enquanto um factóide estúpido e excludente (que exclui, para começar, o leitor que se desidentifica de cara dessa merda) sobre os helicópteros paulistanos publicado no The Guardian recebe chamada de primeira página? Onde, porra, esses caras querem chegar?
A resposta é simples.
Porque, ao lado dos banqueiros e ricos executivos, as equipes aéreas de notícias e empresas jornalísticas, enfim, a mídia prefere continuar viajando sem esforço nem contato conosco, rastejantes mortais terrestres (incluindo o presidente & intelectuais) em meio à orgia de engarrafamentos e acidentes.
Porque é a Terra, a topografia, o “lugar fora das idéias” que nossa mídia, tão sideral & proxeneta, prefere não freqüentar.
[1] Alguns professores de crítica literária diriam que as aliterações deste título o tornam um verso, e eu responderia que estão corretos – o ódio me torna criativa. Sabem, quando sou boa, sou ótima, mas quando sou má, fico melhor ainda, etc.
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