Disse ao Mirisola que estava pensando em escrever sobre Fausto Wolff (ele era meu leitor, vale conferir pessoal aqui, aqui e aqui), mixando minha gentil perversidade e o niilismo revigorante com um certo charme de 11 de setembro do Marcelo – e entre mortos, vivos e pervertidos, todos chutando o pau da barraca, mas com muita ternura.
Gaúcho, Fausto Wolff mudou-se aos 18 para o Rio onde viveu e veio a falecer dia 5 de setembro último, aos 68 anos, de insuficiência respiratória. Editor fundador d’O Pasquim, jornalista, bebia (muito) uísque, curtia (demais) mulheres bonitas, escritor (A milésima segunda noite, Matem o cantor e chamem o garçom, A mão esquerda, Olympia) tradutor, ultimamente mantinha o site O Lobo (www.olobo.net) e assinava uma coluna diária no JB.
Os jornalões até que deram destaque chamando-o, entre outras imbecilidades de ocasião, de “jornalista destemido”, “aquele que nunca se curvou aos poderosos”, “intelectual na contramão das tendências e das modas vigentes.”, etc. Parei de ler porque tava dando vertigem.
Acho que Fausto foi um dos últimos dragões.
Por exercer o pensamento independente.
Contrariando o próprio nome, não vendeu a alma ao diabo.
As frases abaixo foram extraídas dum depoimento dado por FW em
– Não há mais necessidade de choques elétricos – bastam os choques econômicos;
– Não se fazem necessários os paus-de-arara – basta o sujeito se pendurar em dívidas com agiotas, cartões de crédito, cheques especiais e esperar que eles mandem seus cachorros virem cobrar – na maioria dos casos, ex-policiais afastados por crimes pela Justiça Militar ou anistiados pela lei que voltaram do exílio sob a condição de nunca mais irem para a cadeia por lutar pela democracia;
– A "Censura", por exemplo, não acabou. Hoje, está maquiada e estabelecida pela manutenção dos baixos índices de alfabetização e as baixas notas dos provões universitários;
– O ôba-ôba que tomou conta da classe média levou à marginalização a grande maioria das pessoas que pensam e discutem problemas considerados "baixo-astral" pelo lumpesinato que corteja as elites encasteladas;
Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para a cobertura do Parlamento? O primeiro a revelar quais eram os parlamentares acusados criminalmente, tema que jamais deixou de monitorar? Que nunca renunciou ao compromisso de defender a democracia? Sim, é o Congresso em Foco. Estamos há 20 anos de olho no poder, aqui em Brasília. Reconhecido por oito leões em Cannes (França) e por vários outros prêmios, nosso jornalismo é único, original e independente. Precisamos do seu apoio para prosseguir nessa missão. Mantenha o Congresso em Foco na frente!
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