Nilson Leitão *
O calor é intenso e a economia derrete em todo o país, mesmo nas regiões menos castigadas pelas altas temperaturas. A má notícia da vez é que os investimentos despencaram e o PIB (que mede toda riqueza produzida pelo país) diminuiu 0,5% no 3º trimestre, o pior desempenho desde 2009. Em três anos, a média de crescimento é de apenas 2% ao ano, bem abaixo do que a propaganda oficial vendeu – Dilma prometeu um PIB permanente de 5%, o ministro Mantega chutou mais alto: 6%.
No governo do PT apenas os gastos crescem. Somente em 2013, por exemplo, as despesas aumentaram R$ 79 bilhões, uma alta de 13%.
Inflação elevada, estagnação da indústria, atraso tecnológico, exportações em queda, burocracia asfixiante, complexo sistema tributário, além de crescentes gastos públicos, aperto no crédito e investimentos escassos travam o país. A lista dos desacertos do governo, mesmo que incompleta, não caberia neste espaço.
O caso da Petrobras é, porém, impossível omitir. Até bem pouco tempo símbolo de sucesso absoluto, passou, em outubro, a ser a empresa mais endividada do mundo, com um débito de US$ 112,7 bilhões. Não satisfeito com tamanho estrago, o governo, controlador da empresa, impede a Petrobras de divulgar detalhes sobre sua nova metodologia de reajustes de preços de combustíveis, confirmando que vai continuar usando a estatal para combater a inflação, quando, na realidade, deveria promover o corte de seus próprios gastos. Resultado da manobra: as ações da companhia despencaram em mais de 10%.
O pior dano na economia, no entanto, está fora do contexto econômico. A falta de credibilidade do governo Dilma é o que impulsiona com mais virulência o fracasso financeiro, mais do que qualquer outro equívoco de rumo.
E não é para menos: maquiagem das contas públicas, contabilidade criativa, manobras fiscais e imprevisibilidade têm um custo enorme e mais cedo mais tarde a conta chegaria. E chegou!
Ao descrédito, acrescenta-se o sentimento geral da incapacidade do governo de satisfazer até as expectativas mínimas de prudência financeira.
A falta de confiança no governo, a má gestão e a conivência com a corrupção levam à fuga dos investidores. O PIB do terceiro trimestre divulgado agora revela que os investimentos caíram 2,2% diante do segundo trimestre deste ano. O número é terrível, mas já era previsto, infelizmente.
Quem aplicaria o seu dinheiro em um país com permanente deterioração das contas pública? A cada mês, o resultado financeiro é sempre pior do que o anterior. E quando se observam os números, se vê que o rombo não é de momento, mas que piora de forma progressiva.
A desconfiança nas autoridades leva ao adiamento dos investimentos, a remarcações defensivas de preços, sem conta, é claro, com o risco cada vez maior de o país ser rebaixado pelas agências internacionais de risco. Isso resultaria em debanda maior dos investidores e aumento do custo dos empréstimos.
Em resumo, o cenário econômico é extremamente grave. É imprescindível arrumar as contas públicas, gastar menos e promover um choque de gestão. Mais não é só isso, o governo tem que parar de vender ilusões, de manobrar e maquiar os números e buscar o mínimo de credibilidade para toca a economia do país. Os sinais são claros, os números frios e incontestáveis revelam a fritura da economia brasileira.
* Nilson Leitão (PSDB-MT) é líder da Minoria na Câmara dos Deputados.
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