Ricardo Ramos e Guillermo Rivera
Exageros à parte dos deputados, a Câmara é a única das duas casas legislativas que coloca a disposição do público em seu portal na internet os relatórios de viagens dos parlamentares e de seus servidores, quando em missão oficial (http://www2.camara.gov.br/transparencia). Só este ano, os deputados realizaram 350 viagens oficiais, sendo que pelo menos 198 delas foram bancadas com recursos públicos. As contas dos senadores, que proporcionalmente viajam e gastam mais em passagens do que os deputados, não são divulgadas.
A maioria das viagens dos deputados, aliás, teve como destino o exterior: 109 para fora do país, enquanto 89 dentro do Brasil (leia mais). O destino das 430 viagens de servidores da Câmara analisadas pelo Congresso em Foco, por outro lado, na maioria das vezes é dentro do país: 317 viagens nacionais e 18, no exterior.
As demais ou foram custeadas pelos próprios funcionários ou o relatório para justificar as passagens e diárias ainda não foi publicado no site. Pelas regras da Casa, deputados e servidores têm 15 dias para entregar esses relatórios à Câmara, embora uma rápida análise demonstre que quase nunca esse prazo é respeitado.
A elevada quantidade de viagens de servidores na Câmara neste ano pode ter uma explicação: o ex-presidente Severino Cavalcanti (PP-PE). Em vários lugares que viajava, Severino levava a tiracolo, além de assessores ou mesmo deputados que convidava para acompanhá-lo, pelo menos dois seguranças da Câmara.
Nem sempre Severino viajou para cumprir compromissos oficiais. Cinco dias depois de eleito, em 20 de fevereiro deste ano, o então presidente da Câmara levou, com diárias pagas com recursos públicos, quatro seguranças para o encontro de seu partido na cidade de Rio Verde, em Goiás.
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