O povo parintinense realizou, dias 24, 25 e 26 de junho, o 46º Festival Folclórico de Parintins, em meu estado, o Amazonas, com transmissão nacional da Band. Nesta década, os bumbás Garantido e Caprichoso completam 100 anos de existência e chegam ao auge da expressão da cultura cabocla, da convivência com a floresta, do legado negro-africano, branco-europeu e índio-brasileiro.
Parabenizo os integrantes e dirigentes do Garantido, vencedor deste ano, e, igualmente, os do Caprichoso, que também ofereceu espetáculo de altíssimo nível à plateia. A diferença entre ambos foi de apenas meio ponto, o que demonstra o equilíbrio na disputa.
Não é gratuito o interesse que a festa dos bumbás desperta. A sede municipal de Parintins fica na principal ilha do arquipélago fluvial das Tupinambaranas, no rio Amazonas, na divisa amazonense com o Pará, equidistante entre Belém e Manaus. O acesso à cidade só pode ser feito por avião dificultado pelo absurdo preço das passagens ou por barco.
É assim que, geograficamente isolado, o povo parintinense acabou criando um caldo cultural próprio, reconstruindo o Boi Bumbá, inserindo elementos indígenas e absorvendo com maestria técnicas de artes plásticas oferecidas pelos sacerdotes europeus, católicos e protestantes, que chegaram à ilha. Hoje, o espetáculo adquiriu beleza plástica e amplitude cênica incomparáveis.
As surpresas se sucedem. As torcidas, 25 mil pessoas do lado vermelho do Garantido e 25 mil do lado azul do Caprichoso, se revezam em cantar e pular incentivando a apresentação do bumbá preferido. Quando uma canta, a outra, reverentemente, silencia. Módulos alegóricos vão entrando e aos poucos compondo cenários gigantescos, que ocupam a imensa arena do anfiteatro que recebeu o nome de Bumbódromo.
A Band mostra isso muito bem, nacionalmente, mas a energia do local é única. A própria cidade, que tem cerca de 60 mil habitantes, com os 50 mil turistas que comparecem à festa, se torna um grande palco. Há shows por toda parte. Triciclistas conduzem no pedal alegres casais, em passeio românticos, entre uma aglomeração e outra. Nos arredores da ilha, nesta época coalhada de barcos, a natureza é exuberante.
Com o grande know-how adquirido, os artistas parintinenses se espalham pelo país e oferecem brilho a outros eventos, especialmente o Carnaval do Rio de Janeiro, onde os movimentos da águia da Portela e a beleza dos carros alegóricos em geral têm muito a ver com essa gente.
Sinto-me orgulhosa de manifestar o convite aos colegas deputados federais, aos senadores, às autoridades de Brasília em geral, aos jornalistas e ao povo brasileiro como um todo, para que venham conhecer essa festa. Não tenho medo de dizer que todos vão gostar. O ritmo da toada e o carinho com que as pessoas abrem os braços para receber os visitantes conquistam a gente.
Garantido e Caprichoso, mais que dois bumbás, são a síntese da capacidade brasileira de espalhar alegria, talvez o mais valioso patrimônio imaterial de nossa terra.
Vá ver. Tem todo ano, no último fim de semana de junho. Você vai gostar.
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