Karl Marx deixou de respirar há exatos 130 anos, mas não de inspirar. Faleceu aos 65 anos incompletos, em 14 de março de 1883. Metade de sua existência foi cumprida no exílio, sem qualquer abastança, expulso que foi da sua Alemanha, da Bélgica e da França.
Marx foi mais que um baita intelectual, que escreveu como ninguém sobre o Capital. Estudioso da filosofia grega, em especial Demócrito e Epicuro, e de Hegel, mudou o eixo do pensamento de sua época: “Os filósofos não fizeram mais do que interpretar de diversos modos o mundo, mas do que se trata agora é de transformá-lo”. Ele também foi homem de ação, pois quis dar combate a tudo o que viu de não: fome, opressão, exploração. Ativista que projetou a sociedade igualitária, comunista, na qual todos, em utopia, poderiam se realizar: “uma associação em que o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos”.
É jovem 130 anos depois de deixar de ser e estar entre nós, e sua lembrança incomoda os acomodados, porque fez a sua hora, não esperou acontecer. Jamais desejou tornar seus escritos dogma, bíblia ou alcorão: tudo é transformação, e pensamento vivo pressupõe evolução. Pena que, em seu nome, como no de outros grandes que superaram sua própria época, foram cometidas muitas atrocidades. Irônico, Marx deixou uma esquecida pista: ‘quanto a mim, não sou marxista… ‘.
Pensava elevado, no planeta, mas também em sua maloca: ‘infelicidade mesmo é dar amor e não ter amor em troca’. Na verdade, Karl Marx renasce sempre, qual fênix, como profeticamente versejou Moacyr Félix:
“A liberdade, meu filho/ é um homem morto na cruz/ por ele próprio plantada/ e a luz que essa morte expande/ pontuda como uma espada/ É a branca barba de Karl/ na Londres fria e sem lã/ e seu coração sobre as fábricas/ qual gigantesca maçã”
Nesses tempos de indigência intelectual e mediocridade teórica, conhecer ou revisitar suas obras faz bem à saúde e qualifica nossa contribuição para um mundo melhor.
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