A eleição para a liderança do PMDB na Câmara ganhou contornos inéditos. O candidato a líder do grupo oposicionista da legenda, Hugo Motta (PB), recebeu um reforço de outro partido, o Solidariedade. A legenda dirigida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP) financiou um trio elétrico e um grupo com dez pessoas fantasiadas de mosquito Aedes aegypti para uma manifestação antes e durante a votação para a escolha do líder do PMDB contra a reeleição de Leonardo Picciani (RJ).
Do lado de fora da Câmara, próximo à sala onde a bancada do PMDB se reúne nesta tarde, um trio elétrico tocava uma música especialmente composta para acusar Picciani de apoiar o governo da presidente Dilma Rousseff, ser contra o impeachment e ter se vendido ao PT. O veículo traz uma faixa com fotos de Picciani beijando a presidente Dilma no rosto, com canções ofensivas contra o peemedebista. O trio foi contratado pelo Solidariedade, conforme apurou o Congresso em Foco. Veja o vídeo:
Do lado de dentro da Câmara, o grupo fantasiado de Aedes egypti manipula “raquetes” para eletrocutar mosquitos. Os “manifestantes” tentaram entrar na sala onde a bancada iria se reunir, mas foram retirados pela segurança. Fora da sala, cantavam palavras de ordens contra Picciani e em protesto pela saída do ministro da Saúde, Marcelo Castro, deputado licenciado do PMDB do Piauí, para votar na eleição da bancada e depois retornar ao posto. Assessores de Paulinho da Força jogavam papéis com fotos de mosquitos e regiam o coro dos manifestantes contratados. Oficialmente, o Solidariedade nega que tenha financiado as manifestações.
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A eleição do novo líder do PMDB na Câmara movimenta a cúpula do partido, o Palácio do Planalto e senadores da legenda. Tem, ainda, a participação direta de Eduardo Cunha, hoje desafeto de Picciani e principal cabo eleitoral de Hugo Motta. A oposição ao governo Dilma Rousseff unificou Cunha e Paulinho da Força na campanha para eleger o oposicionista.
A decisão do ministro de voltar à Câmara, ainda que por um dia, para participar da escolha do novo líder peemedebista, foi criticada pela oposição, que apresentou requerimento para convocá-lo a se explicar na Casa. De acordo com os oposicionistas, o ato de Marcelo Castro mostra interferência indevida do governo na eleição de um líder partidário e causa prejuízo ao combate ao mosquito Aedes aegypti.
Os líderes do PSDB, do DEM, do PPS e do Solidariedade apresentaram requerimento conjunto para convocar o ministro da Saúde para depor sobre o prejuízo à campanha do governo de combate ao vírus da zika com a saída dele do cargo para apoiar Picciani e retornar ao posto. “Nós vamos constranger o governo, que aceita trocar o comando da campanha contra a zika para interferir na disputa interna de uma bancada na Câmara. É uma vergonha”, disse o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
Uma vitória de Picciani representará alívio para a presidente Dilma. Ex-aliado de Cunha, ele se aproximou do Palácio do Planalto desde a reforma ministerial promovida pela presidente no ano passado e assumiu publicamente discurso contra o impeachment da petista. Embora tente se descolar da imagem de que, na liderança será um opositor de Dilma, Hugo Motta é a aposta de Cunha para se contrapor ao governo e levar adiante o processo de impedimento da presidente.
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