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Rollemberg também destacou que todo o país passa por uma crise financeira e que 16 estados estão com dificuldades para pagar salários em dia, com atraso ou parcelamento – o que não é o caso do Distrito Federal. Segundo o governador, se o reajuste fosse concedido, os salários atrasariam já no primeiro mês. “Vamos priorizar o pagamento regular dos salários porque salário em dia é segurança para a família”, ponderou.
“Apesar de aumentar nossa arrecadação tivemos a frustração de algumas receitas referentes principalmente à venda de imóveis, que está defasada devido à crise”, explicou o chefe do executivo. Segundo dados apresentados pela equipe econômica, 77% da receita do Distrito Federal é destinada ao pagamento de pessoal, e, caso o reajuste às 32 categorias fosse concedido, este valor chegaria a 82%.
Mobilização
Contrariados com o que chamam de “calote”, os sindicatos anunciaram que a partir da semana que vem farão paralisações em massa para pressionar o governo. O aviso de “greve geral” já ecoa nos corredores das repartições. Na tentativa de conter os mais exaltados, o governo anunciou na semana passada que cortará o ponto de quem aderir greves consideradas ilegais pela Justiça do Trabalho. Para o secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio, “a greve é inócua, porque não fará aparecer recursos nos cofres do governo – que não tem condições de pagar os reajustes.”
Há ainda a possibilidade de sanções mais duras aos grevistas, como exoneração, em caso de boicote ou outras iniciativas de servidores insatisfeitos. “Vamos apurar individualmente, com o devido processo legal, e impor punições, se necessário”, afirmou a procuradora-geral do Distrito Federal, Paola Aires. Segundo Paola, as punições já estão previstas na Constituição Federal. “Não estamos inovando. O Tribunal de Justiça é unânime em entender que durante greve é possível cortar o ponto”, explicou.
Presidente do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindsasc), Cleiton Avelar, alega que foi o próprio governador quem “radicalizou” o movimento. “O anúncio do ‘calote’ foi feito antes da reunião com os sindicatos, marcada para esta sexta-feira à tarde”, relatou. Segundo o sindicalista, não há o que se discutir sobre um “fato consumado” e a saída é a união das categorias.
“Nós pedimos para ter acesso às contas do governo para termos certeza de que não há dinheiro. Porém, esta autorização nos foi negada”, afirmou. “A transparência das contas públicas foi uma bandeira da campanha política do governador. Ainda no início do ano, também nos foi prometido estas informações, porém, nada foi feito”, concluiu Avelar. O secretário de Fazenda, João Antônio Fleury explicou que as contas do governo possuem informações sigilosas e não podem ser abertas a todos os sindicatos.