O deputado Wladimir Costa (SD-PA), investigado em dois inquéritos e réu em duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), usou seu tempo de fala na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara nesta quarta-feira (12), durante debate sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção, para defender Temer, constranger os colegas envolvidos em investigações no Supremo e ofender o relator da denúncia na comissão, deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ).
Réu da Lava Jato, Maluf e o deputado do confete estão entre os mais faltosos na Câmara
Wladimir Costa, durante sua fala, disse que não vai permitir que ataquem o presidente. “Lavem a boca para falar do presidente Temer”, esbravejou. O parlamentar criticou deputados de oposição envolvidos em denúncias, citou nomes e casos, e atacou o PT. “O PT não tem moral para falar de ninguém na comissão”, ressaltou. Sua crítica mais dura foi direcionada a Zveiter. “Está na sua cara que o senhor é burro, incompetente e desqualificado”, afirmou o deputado, se referindo ao parecer elaborado por Zveiter, no qual ele recomenda que os demais membros da CCJ aceitem a denúncia da PGR. “Volte a estudar direito. O senhor envergonhou a categoria”, disparou.
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Na ocasião, o presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), interrompeu a fala de Costa e pediu decoro. “Mais um ato de deselegância e vou cassar a palavra de sua excelência”, ressaltou Pacheco, que também concedeu um minuto de resposta a todos os citados por Wladimir. Antes de desqualificar os colegas, Wladimir arrancou risadas da comissão ao usar o termo “temerhomofóbico” em referência aos deputados oposicionistas que apoiam a denúncia.
O parlamentar paraense, conforme revelou o Congresso em Foco, esteve entre os deputados mais faltosos na casa em 2016. Wladimir participou de apenas 52 dos 94 dias em que a Câmara realizou sessões destinadas a votação no período. O paraense somou 42 ausências.
O deputado se destacou na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em abril do ano passado, quando detonou um rojão de confetes dentro do plenário e conclamou seus colegas a levantarem as mãos em apoio ao afastamento da petista. A imagem ganhou as redes sociais.
Wladimir também se envolveu em outras polêmicas. Defensor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), surpreendeu o colegiado ao votar pela cassação do antigo aliado depois que a votação se encaminhava para a derrota do peemedebista. Em ao menos duas ocasiões, o congressista se envolveu em bate-boca com deputados do PT, com troca de xingamentos.
O parlamentar tem outros problemas para se preocupar. Em julho, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) cassou o mandato dele sob a acusação de que recebeu dinheiro de fonte não declarada em sua campanha eleitoral em 2014. No início do ano passado, Wladimir teve bens bloqueados pela Justiça em uma ação civil pública que apura desvios em um evento esportivo. Ele ainda é réu em dois processos no Supremo Tribunal Federal, um deles por ameaça.
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