O presidente Michel Temer agiu pessoalmente para viabilizar candidaturas de deputados aliados a ele na disputa pelos cargos na Mesa Diretora da Câmara. Além de trabalhar junto com seus ministros palacianos para eleger Rodrigo Maia (DEM-RJ), na manhã desta quinta-feira (2) Temer telefonou para o deputado José Priante (PA) e apelou para que o parlamentar desistisse da candidatura avulsa pelo cargo de vice-presidente da Casa e apoiasse o concorrente Lúcio Vieira Lima (BA).
“Recebi um apelo do presidente Michel Temer que me pediu para desistir em nome da unidade da bancada”, justificou em discurso durante reunião de urgência da bancada. Logo após abrir mão da candidatura, Priante deu entrevista junto com Lúcio e o líder da bancada, Baleia Rossi (SP), falando em unidade. Lúcio é irmão mais novo do ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo de Temer, defenestrado do governo depois que foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de pressioná-lo para liberar a construção de um prédio em área tombada em Salvador onde o ex-ministro tem um apartamento.
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Priante não revelou qual foi a compensação política que recebeu em troca da desistência e prometeu apoio a Lúcio. Os dois tinham disputado a indicação na bancada da legenda e empataram com 28 votos. Para desistir da candidatura, Prianti deve ficar com a poresiencia da comissão de Minas e Energia da Câmara. O líder Baleia Rossi alegou que pelo regimento interno da Câmara a escolha seria pelo mais velho da dupla para disputar oficialmente a vice presidência da Casa. No PMDB há, ainda, mais dois candidatos avulsos: Osmar Serraglio (PR) e Fábio Ramalho (MG). Os dois não participaram da eleição interna do partido, mas vão disputar o cargo em plenário.
Xingamentos
Além da eleição pela presidência da Câmara entre os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), Jovair Arantes (PTB-GO), André Figueiredo (PDT-CE) e Julio Delgado (PSB-MG), os demais cargos na Mesa Diretora estão sendo disputados entre parlamentares do mesmo partido em clima de guerra. Na manhã desta quinta-feira (2), os deputados Dudu da Fonte (PP-PE) e André Fufuca (PP-MA) se xingavam dentro do plenário enquanto pediam votos aos colegas.
Os dois disputaram, em votação na bancada, a indicação oficial do partido para disputar a segunda vice-presidência. Fufuca ganhou com 28 votos contra 11 de Dudu. Mas o perdedor não desistiu e resolveu se lançar candidato avulso ao mesmo cargo. Investigado pelo Supremo Tribunal Federal, por corrupção e envolvimento em delações da Lava Jato, Dudu não acatou a decisão da legenda e pretende concorrer.
A Câmara acordou, no dia da votação, com o veto a pelo menos cinco candidaturas avulsas a cargos na Mesa Diretora. Entre os vetos está o registro do deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), que chegou a se inscrever para concorrer à vice presidência, mas o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), alegou que o partido de Silvio faz parte do bloco do PMDB e o posto não poderia ser disputado por um dissidente.
As candidaturas dos deputados Kaio Maniçoba (PMDB-PE), Jaime Martins (PSD-MG) e Valtenir Pereira (PMDB-MT) também foram vetadas por Maranhão alegando o mesmo princípio de que não pode haver candidatura avulsa a cargos que, pelo regimento, só pode ser disputado por parlamentares da mesma sigla. O regimento interno prevê que, de acordo com o tamanho de cada bancada, não pode haver concorrentes avulsos a postos que já estão pré-definidos para determinadas legendas.
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