Uma divergência que se arrasta há duas semanas impediu que o presidente Michel Temer escolhesse o novo líder do governo na Câmara. Para o cargo ocupado hoje pelo deputado André Moura (PSC-SE), as maiores bancadas de deputados na Casa disputam a indicação de um nome que, ao mesmo tempo, tenha ascendência sobre a fragmentada base de apoio parlamentar ao Palácio do Planalto e seja comprometido com a agenda de reformas propostas pelo governo para serem votadas este ano.
Para tentar superar o impasse, o Planalto estuda criar um duplo comando para a sua base de apoio: um líder, o oficial do governo, cuidaria de uma parte da agenda de votações e das articulações com uma ala das legendas aliadas, e outro para tratar dos insatisfeitos com a eleição de Rodrigo Maia e que se encarregaria de mobilizar o outro segmento dos apoiadores do governo e formado por petebistas, parlamentares do PSD e parte do PMDB. Para evitar criticas de inchaço na máquina da Câmara, o governo e Rodrigo Maia analisam dividir em duas a estrutura de assessoria da liderança, com a divisão de assessores.
A dificuldade é tão grande que a decisão deve ficar para depois do carnaval, quando o Planalto espera que os ânimos da sua base de apoio estejam menos bélicos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articula a substituição de André Moura, identificado com o antigo Centrão, grupo criado há dois anos e que serviu de apoio à eleição do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba por decisão do juiz Sergio Moro acusado de corrupção.
A articulação de Rodrigo Maia para indicar um nome de sua confiança incomodou a bancada do PMDB, a maior da Câmara, que gostaria de indicar um nome do partido. Este movimento do presidente da Casa criou uma resistência de partidos aliados como o PP, PTB, PSD e até o PSDB. O nome do atual líder do PP, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), cotado para o cargo desde a eleição da nova Mesa Diretora, também foi descartado por outros partidos aliados.
O governo atrasou a nomeação do novo ministro da Justiça para tentar abrir espaço aos insatisfeitos com a indicação do novo líder governista na Câmara. As negociações envolvem outros cargos de segundo escalão ainda vagos desde a substituição da ex-presidente Dilma Rousseff pelo vice Michel Temer depois do impeachment da petista. A dificuldade de escolha do líder aumentou com a mágoa do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), derrotado por Rodrigo Maia com o envolvimento na campanha interna de ministros do governo que são do PMDB e do próprio presidente Temer.
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