O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), reivindicou hoje (2) ao presidente Lula a transferência para o estado do porto de Santos (SP), o maior do país. Serra encontrou-se com o presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Pela proposta do tucano, o controle do porto passaria para o governo do estado de São Paulo, com participação da União e das prefeituras de Santos, Guarujá e Cubatão. Contudo, as dívidas de cerca de R$ 800 milhões seriam totalmente assumidas pelo Tesouro Nacional.
“O principal porto do país tem problemas sérios em seu funcionamento, na dragagem, no sistema logístico. É um fator de desenvolvimento para São Paulo e Brasil”, disse Serra após o encontro com Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Lula prometeu dar uma resposta ao governador em cerca de 15 dias.
Por sua vez, Mantega afirmou que vai estudar a proposta apresentada por Serra. "São questões normais da administração pública. Há interesses entre o governo federal e o governo estadual", disse o ministro depois da reunião.
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Outros pedidos
Serra também pediu que Lula conceda à administração paulista a Central de Abastecimento de São Paulo (Ceagesp) e o Campo de Marte, aeroporto controlado pela Aeronáutica.
Contraproposta de Lula
O presidente Lula também fez algumas propostas ao governador de São Paulo. O presidente quer uma parceria do governo federal com o governo paulista para urbanização de favelas. “O governo federal, tendo recursos para isso, nós devemos trabalhar coordenadamente”, disse Serra.
Lula também apresentou as medidas que serão destinadas à melhoria da educação, chamadas de Plano de Desenvolvimento da Educação, e discutiu políticas para a juventude.
O tucano afirmou que não tratou da reforma tributária, nem do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele também evitou comentar sobre a política econômica do governo. “O meu pensamento sobre política macroeconômica, eu tenho repetido, mas não vou abordar outros temas”, disse.
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Governo quer discutir direito de greve de servidores
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou hoje (2), após reunião com o presidente Lula no Palácio da Alvorada, que vai discutir na próxima semana o direito de greve e a negociação salarial de servidores com representantes das centrais sindicais.
A proposta é impor limites à paralisação no serviço público e, em algumas áreas, proibir a greve. “Nós precisamos definir numa lei o que a Constituição prevê. Temos de preservar o direito do servidor, mas também o atendimento ao cidadão e os interesses da sociedade. Se o serviço é essencial, precisamos saber os limites”, disse o ministro em entrevista coletiva.
“Em alguns serviços essenciais, tem que ser proibida a greve”, afirmou o ministro. O governo também quer regulamentar uma proposta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em relação à negociação salarial entre governos e servidores.
“Antes de fazer a retomada das negociações nós queremos melhorar o debate. A orientação do presidente é que negociação seja centralizada no Ministério do Planejamento para garantir uma única diretriz”, afirmou Bernardo.
Lula: "Ser pingüim é muito difícil. É mais fácil ser gente"
Durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, ao comentar o processo de desagregação da sociedade a partir da falência de instituições como a família, o presidente Lula elogiou o documentário A Marcha dos Pingüins, do diretor francês Luc Jaquet. "Ser pingüim é muito difícil. É mais fácil ser gente. Os pingüins sofrem mais do que nós. São mais indefesos” , comparou.
O documentário, que trata da epopéia reprodutiva do pingüim imperador, que realiza longas marchas em pleno inverno antártico para garantir a preservação da espécie, foi classificado por setores da crítica como um libelo conservador.
Críticos viram no roteiro uma metáfora da criação dos homens por Deus e um forte apelo contra a teoria da evolução darwiniana. O filme, no entanto, comoveu o presidente. "O dia em que eu encontrar o cara que fez [Jacquet], vou dar um beijo nele", brincou Lula.
Ganhador do Oscar em sua categoria ano passado, o documentário rendeu mais de US$ 80 milhões só nos Estados Unidos. O valor é dez vezes superior aos custos da produção. No Brasil, A Marcha dos Pingüins ficou em cartaz por nove meses e levou aos cinemas 246 mil pessoas.
Ainda na coletiva, Lula sinalizou que pretende manter a atual equipe econômica, ao dizer que ela estava "blindada pelo sucesso", e e descartou a possibilidade de tentar mudar a Constituição para postular um terceiro mandato. Leia aqui.
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