Um dia após a ação da polícia no confronto com índios no Congresso Nacional, para reprimir protesto contra a proposta que altera o processo de demarcação de terras indígena, o cacique Paulinho Paiakã, líder indígena do povo Kaiapó, disse que a forma como os índios foram recepcionados parecia uma guerra do governo decretada contra os índios. Ontem (quarta-feira, 26), algumas lideranças indígenas conseguiram entrar no Congresso e participar de audiências na Câmara.
“Com quem que nós vamos falar? Fomos agredidos, fomos jogado bomba. Foram tiros, tantos tiros que deu na gente. Como se fosse guerra que já tava acontecendo contra o índio e é verdade, guerra já tava acontecendo contra o índio ontem”, afirmou Paiakã, na tarde dessa quarta-feira, no salão verde da Câmara.
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Assista à entrevista concedida por Paiakã:
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Na terça-feira (25), enquanto protestavam, entre outras coisas, contra a proposta de emenda à Constituição (íntegra da PEC 215/2000) que transfere do Executivo para os congressistas (deputados e senadores) a tarefa de demarcar terras indígenas, milhares de índios, após de tentar entrar nas dependências do Parlamento, foram recebidos com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio por tropas de choque da polícia.
Paiakã lamentou o ocorrido e disse que o governo precisa rever a causa indígena. “Isso o governo tem que avaliar e entender que nós também somos filhos de Deus”, afirmou.
Instalados em Brasília desde segunda-feira (24), os índios também pressionam pela volta da demarcação de terras indígenas, suspensa desde a posse de Michel Temer, em 31 de agosto de 2016. Segundo estimativas de entidades indígenas, mais de três mil índios estão em Brasília para a 14ª edição do Acampamento Terra Livre, mobilização nacional que luta pelos direitos dos povos indígenas.
Como manifestação de apoio aos índios, o Psol convocou coletiva de imprensa na Câmara para defender os interesses dos povos indígenas. Na ocasião, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL/PA) criticou propostas que tramitam na Casa e que autorizam licenciamento ambiental para grandes empreendimentos em terras em geral, inclusive em terras indígenas, e afirmou que os índios precisam ser consultados quando houver discussões de projetos que “interferem em suas vidas, suas terras e seus direitos”.
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