Roseann Kennedy*
A decisão do PV sobre seu apoio político no segundo turno da corrida presidencial só será firmada no próximo domingo (17). Mas a reunião do partido nesta quarta (13), em Brasília, deixa claro que a legenda tem e precisa mesmo ter uma preocupação em adotar um rumo que não vá na contramão do que pensa e deseja sua atual estrela, a senadora Marina Silva.
Em nota publicada no site, o secretário nacional de comunicação do partido, Fabiano Carnevale, diz que o interesse da direção nacional do Partido Verde é de construir as pontes necessárias entre a legenda que surge das urnas com a força da votação de Marina Silva e o PV histórico.
O deputado federal Fernando Gabeira também faz declarações enfáticas de que é preciso encontrar uma solução com harmonia.
Marina tem defendido a neutralidade, que seria realmente o caminho mais coerente a ser adotado no momento, por quem não poupou críticas a nenhum dos lados na primeira etapa da corrida presidencial. Embora seja verdade que ela também não deixou de fazer elogios reconhecendo méritos nos Governos Lula e FHC.
No entanto, para quem tem capacidade e provável interesse em concorrer em próximos pleitos presidenciais, evitar o vínculo direto agora com alguma das campanhas e manter sua imagem de terceira via seria o melhor caminho político individual. O que não significa, necessariamente, a melhor alternativa para o PV.
O Partido Verde costuma, pelo menos, fazer uma recomendação aos seus filiados. Mas está numa situação nova agora. Frente ao desempenho histórico de Marina no primeiro turno. Contrariá-la ou deixá-la desconfortável não seria interessante para o partido, que pode muito bem trabalhar o potencial de Marina para firmar seu nome como uma liderança nacional de terceira via, pronta para disputar as próximas eleições.
Independentemente do posicionamento oficial do PV, os eleitores de Marina já começam a tomar as próprias decisões.
O Datafolha divulgado domingo mostrou que 51% dos eleitores de Marina migraram a intenção de votos para Serra e 22% para Dilma. Portanto o número de indecisos ainda é alto.
Mas isso mostra, também, que os votos dados a Marina no primeiro turno não são do partido. Aliás, cada vez mais, percebe-se no Brasil o voto na pessoa e não na legenda.
* Roseann Kennedy é comentarista política da CBN e, de segunda a sexta, escreve esta coluna para o Congresso em Foco
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