Roseann Kennedy*
Montar equipe ministerial no presidencialismo de coalizão, em que o chefe de Estado cede às pressões dos partidos aliados para garantir maioria no Legislativo, não é fácil. E com os cargos para o primeiro escalão se esgotando, a briga se intensifica.
Nos últimos dias, PT, PSB e PMDB protagonizam a disputa por pastas no Governo Dilma. Principalmente porque um está tentando ficar com o espaço que o outro tem no Governo Lula.
Até mesmo em pastas que parecem esquecidas, a negociação é grande. Um exemplo é o Ministério de Ciência e Tecnologia. Atualmente com o comando, o PSB já se prepara para dar adeus a essa cadeira. Para a vaga, é cotado o senador petista em fim de mandato, Aluízio Mercadante, derrotado na corrida ao governo de São Paulo.
Ao perder esse espaço, o PSB pede para ocupar o Ministério da Integração Nacional, atualmente com o PMDB. A indicação cotada pelo presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para o cargo é Fernando Bezerra Coelho. Mas o PT também andou de olho nessa vaga.
Nos bastidores, o governador da Bahia, Jacques Wagner, também gostaria de indicar o titular da Integração, dominando um último território que tinha sido ocupado por Geddel Vieira Lima, seu rival nas disputas políticas baianas.
E o PMDB nessa história toda?
Anda perdendo espaço e, consequentemente, correndo o risco de enfrentar novo racha interno.
Inicialmente, os peemedebistas mais próximos ao presidente da legenda e vice presidente eleito, Michel Temer, acreditavam que estariam com a bola toda nas indicações do ministério de Dilma. Ledo engano. É o PT que está levando a melhor em todas até agora, em especial o PT paulista.
Já o PMDB tem levado pernada dos próprios integrantes e não se entende nas escolhas dos nomes. Por que falo isso? Porque não dá para fazer outra leitura, frente ao que ocorreu na escolha do nome do novo ministro da Saúde, uma negociação feita diretamente pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Também frente ao desentendimento na escolha do nome do Ministério das Cidades.
Talvez por ter se achado forte demais, o PMDB foi se perdendo na disputa por espaço. Agora, ou une o próprio discurso ou vai sair nessa coligação com Dilma menor do que antes de integrar a chapa presidencial.
*Comentarista política da CBN, Roseann Kennedy escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
Leia outros textos da colunista
Deixe um comentário