Edson Sardinha |
A violência invisível que se instala no ambiente de trabalho é mais prejudicial à saúde do que se imagina e provoca dores no peito, perda do desejo sexual, distúrbios do sono, depressão e pensamentos auto-destrutivos. Autora do livro Violência, Saúde, Trabalho – Uma Jornada de Humilhações, a médica Margarida Barreto realizou uma pesquisa com 2072 trabalhadores brasileiros e constatou que 42% deles sofriam humilhações no trabalho. Mais da metade dos homens que se encaixaram nessa condição reclamou de aumento da pressão arterial, da necessidade de ingestão de bebida alcoólica e de insônia ou sonolência excessiva. Detalhe: todos relataram ter pensado em pôr fim à própria vida a partir do momento em que passaram a sofrer perseguições. Ao todo, 18% tentaram se matar. Se, para as mulheres, a idéia do suicídio ficou mais distante, a perda do desejo sexual, as constantes crises de choro, as palpitações e o sentimento de inutilidade encabeçaram a relação dos efeitos indesejáveis. O levantamento foi realizado por meio do Sindicato das Indústrias Químicas, Plásticas e Farmacêuticas de São Paulo. Leia também Segundo a pesquisadora, a tentativa de se impor pela força e o medo é uma tentativa de chefes inseguros de demonstrarem poder e autoridade. Na maioria das vezes, segundo ela, esse tipo de comportamento é adotado somente na presença de testemunhas. As brincadeiras hostis acabam se repetindo entre os colegas ou causando indiferença aos demais. A médica associa a proliferação de casos de assédio moral à precarização das condições de trabalho e à escalada do desemprego nos países ocidentais. Pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que pelo menos 12 milhões de europeus já sofreram com situações semelhantes. Margarida é uma das coordenadoras do site Assédio Moral no Trabalho (www.assediomoral.org), que reúne vasto levantamento sobre o assunto.
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