Rudolfo Lago
Torcemos. Gritamos. Fomos felizes em alguns momentos. Em outros, sofremos. Tivemos alegria e ódio. Terminamos frustrados. Mas a maioria de nós, que não tem a vida diretamente vinculada ao futebol, retomará agora uma rotina que só a próxima Copa do Mundo, daqui a quatro anos, irá quebrar. Durante o mês que passou, nossa atenção esteve voltada para os gramados da África do Sul. Agora, começará pra valer o campeonato que realmente importa. Aquele em que sairão vencedores as mulheres e os homens que decidirão a vida de quase 200 milhões de brasileiros. Os primeiros momentos dessa disputa já aconteceram na semana passada, com o início oficial da campanha. Mas será a partir de agora, sem a concorrência com o futebol, que todos passaremos a prestar mais atenção nela.
Curioso que os calendários tenham vinculado os dois eventos. Em ano que tem Copa, também tem eleição. Há, porém, uma diferença fundamental a nosso favor no caso dessa segunda disputa que se inicia. No caso da Seleção Brasileira, e Dunga teve especial empenho em nos mostrar isso, a nós cabe apenas discordar, protestar se a escalação feita pelo técnico não nos agrada. No campeonato eleitoral, os técnicos somos nós. Nós faremos a escalação. Nós vamos escolher quem vai jogar em cada posição pelos próximos quatro anos. Quem será o grande capitão, o presidente da República. Quem estará no comando dos estados. Quem estará no Poder Legislativo. No caso do fracasso da Seleção Brasileira, temos o direito de reclamar das escolhas de Dunga. No caso do fracasso da política brasileira, se formos honestos, em parte vamos precisar reclamar de nós mesmos.
O Congresso em Foco tem convicção de que parte fundamental das mazelas políticas brasileiras decorre da continuação de práticas e comportamentos que precisam ser definitivamente extintos. O sentimento patrimonialista da elite política brasileira, que acha que é dona dos bens públicos e pode dispor deles à vontade, é a raiz da corrupção, do nepotismo. Em outubro, os eleitores devem ter a liberdade de escolher seus candidatos a partir das suas convições ideológicas, das suas empatias. O que sugerimos, porém, é que o eleitor, ao exercer o seu voto, ajude a limpar a política dessas práticas. Que pense mil vezes antes de emprestar seu voto para garantir mandato a alguém que tenha cometido crimes. A alguém que, por alguma razão, não honre o crédito que recebeu do povo brasileiro.
Para ajudar a balizar a escolha do eleitor dentro dessas premissas, o Congresso em Foco inaugura hoje uma nova seção, Ajude a limpar a política. Nela, o eleitor encontrará informações importantes para orientar seu voto de forma consciente. Informações sobre candidaturas pendentes de impugnação com base na Lei da Ficha Limpa. A lista dos políticos que respondem a processo no Supremo Tribunal Federal. Os perfis dos candidatos à Presidência da República. Suas propostas de governo. O acompanhamento das eleições nos estados. O calendário eleitoral.
Aproveite. Vote consciente. Ajude a limpar a política brasileira.
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