A presidente da CPI Mista dos Cartões Corporativos, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), disse há pouco que já existe um requerimento de acareação entre o vazador do chamado “dossiê anti-FHC”, o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes, e o receptor dos e-mails com ele trocados, o assessor do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) André Fernandes. Em um dos e-mails enviados para André, Aparecido anexou uma planilha com informações sobre os gastos com cartão corporativo à época do governo Fernando Henrique Cardoso. Ambos prestarão depoimento na reunião de amanhã (20) do colegiado misto.
Segundo Marisa, a reunião de amanhã da comissão será iniciada às 9h, em caráter reservado, com a leitura dos depoimentos prestados por Aparecido e Fernandes à Polícia Federal (PF), na semana passada. A própria senadora fará a leitura, apenas para membros da CPI – que não poderão reproduzir trechos do depoimento sob pena de incorrer em crime de violação de segredo judicial. Em seguida, às 10h, os depoentes serão sabatinados pelos parlamentares, em audiência aberta. André Fernandes será o primeiro a falar, informou a tucana, alegando que o critério para a ordem da oitiva foi orientado pela seqüência dos depoimentos de ambos à PF.
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Logo após os depoimentos, e se os parlamentares da comissão considerarem insuficientes ou contraditórias as versões apresentadas para o vazamento do dossiê – em que pesem questões como quem ordenou a elaboração do dossiê e com que objetivo –, haverá votação do requerimento de acareação, de autoria do deputado governista Carlos William (PTC-MG). A oposição já avisou que a estratégia é mesmo colocar os servidores frente a frente.
"Vai depender se a base vai votar ou não esse requerimento. Amanhã mesmo discutiríamos e votaríamos esse requerimento e, depois disso, a acareação", ensejou Marisa, adiantando que mais servidores da Casa Civil podem ser convocados pela CPI. "É possível. A imprensa tem colocado que há uma terceira pessoa, um tal de Temóteo [Norberto Temóteo, secretário de administração da Casa Civil], que foi deu a ordem para fazer esse dossiê. Então, talvez seja necessário ouvir o senhor Temóteo também."
Ao Congresso em Foco, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o governo acha que Aparecido não atribuirá à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) a responsabilidade pelo dossiê. Para Virgílio, Dilma e Erenice Guerra, secretária-executiva da secretaria especial, são as verdadeiras responsáveis pela elaboração do documento "criminoso".
Verdade como remédio
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), garantiu que o governo "sempre esteve tranqüilo" em relação à questão do dossiê, e reafirmou a versão de que trata-se de um "banco de dados" com informações "pífias", que não afetam ninguém. "O governo sempre explicou que fez um banco de dados, mas que não vazou informações – aliás, as informações vazadas são pífias, que não dizem nada nem expõem ninguém", declarou Jucá, acrescentando que a versão de dossiê é um "fato político" com o objetivo de atacar a ministra Dilma.
Em relação à possibilidade de a CPI convocar outros servidores da Casa Civil para prestar depoimento, como sinalizou a senadora Marisa Serrano, Jucá disse que, por enquanto, devem ser priorizados os "implicados" no vazamento. "Qualquer tentativa da oposição de tentar ampliar a oitiva de alguém antes de ouvir essas pessoas [André Fernandes e José Aparecido] é muito mais um movimento político-eleitoral do que uma investigação séria", alfinetou.
Segundo Jucá, o governo quer a elucidação dos fatos e não teme o que pode ser dito durante os depoimentos. "O melhor remédio para acabar com qualquer crise é a verdade dos fatos, e é isso que o governo quer", disse, reforçando que o governo seguirá as decisões da CPI. "O governo apóia a posição de ouvir a todos. A acareação é uma decisão do plenário e da presidência da Casa. O governo não interferir nesse procedimento." (Fábio Góis)
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