O encontro entre Lula e Costa consta do relatório “Viagens Pasadena”, por meio do qual a petrolífera listava deslocamentos de executivos e funcionários, em viagens no Brasil e ao exterior, em missões referentes ao negócio – hoje considerado um dos mais mal sucedidos da história da Petrobras.
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No relatório, ao qual o Estadão diz ter tido acesso, a reunião foi realizada em 31 de janeiro de 2006, no Palácio do Planalto, 31 dias antes de o Conselho de Administração da Petrobras autorizar a aquisição de 50% da refinaria. O colegiado era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Lula jamais admitiu participação nessas negociações – que, de acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), resultou em prejuízo de US$ 792 milhões ao erário.
“A conversa foi inscrita na agenda de Lula apenas como ‘Reunião Petrobrás’. Mas o Planalto não descreveu, na época, quais foram os participantes. O relatório mostra que o ex-diretor ficou em Brasília dois dias, retornando em 1.º de fevereiro. O motivo registrado foi ‘reunião com o presidente Lula’. Questionado pelo Estadão sobre a agenda com Costa, o ex-presidente afirmou, por meio de sua assessoria, que ‘a reunião com a Petrobrás’ foi ‘há mais de nove anos’ e ‘não tratou de Pasadena’. Não informou, contudo, qual foi, então, a pauta debatida”, diz trecho da reportagem.
Práxis
A oposição reagiu à notícia. Vice-presidente da CPI da Petrobras, investigação paralela aos inquéritos já avançados da Operação Lava Jato, o deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) garantiu hoje (sábado, 6) que sua bancada na Câmara formalizará requerimentos para que tanto a Presidência da República quanto a Petrobras detalhem o que foi discutido na reunião. Para o tucano, Lula pode ter tido influência no negócio de Pasadena.
“Ele [Lula], no mínimo, é informado [sobre as tratativas de aquisição]. A decisão de comprar uma refinaria no exterior não é tomada somente pela Petrobrás”, ponderou o parlamentar baiano, acrescentando achar estranho o ex-presidente não revelar qual foi a pauta da reunião – na agenda oficial do Planalto, à época, é registrado “Reunião Petrobras”, sem menção aos participantes. Consultada pelo jornal paulista, a assessoria de Lula não revelou o motivo do compromisso.
Membro da CPI, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA) diz que o episódio só reforça a necessidade de que Lula dê explicações ao colegiado. Para ela, a alegada não participação do petista no processo de compra da refinaria é “indigesta”. Eliziane já apresentou requerimento de convocação de Lula, mas reclama da blindagem dele e outras figuras do PT e do PMDB, partidos com figuras expoentes sob investigação da Lava Jato. “A CPI não vai convocar políticos, e isso é sério e grave. Parece que há um acordão”, reclamou.
Leia a íntegra da reportagem do Estadão
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