O presidente Lula afirmou hoje (21), depois de participar da cerimônia de inauguração da unidade de biodiesel da usina Barralcool, em Barra do Bugres (MT), que começará na próxima semana uma série de conversas com "todas as forças políticas" para compor um governo de coalizão. "Começo, na próxima semana, uma rodada de conversa com muita gente, com todo mundo", declarou o presidente.
Lula também disse que não quer separar o Brasil entre situação e oposição "porque a eleição acabou". O presidente ressaltou que, apesar das diferenças ideológicas entre os partidos, "temos que pensar nos projetos de interesse do Brasil".
Questionado sobre a possibilidade de chamar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para um diálogo institucional, o presidente afirmou: "Eu não vou nominar com quem eu vou conversar".
O senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, revelou ontem que FHC estaria disposto a atender a um chamado de Lula para discutir a situação do país no período pós-eleitoral. "O ex-presidente Fernando Henrique disse que vai aguardar o Lula chamar", disse o líder tucano.
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Seis senadores do PMDB declaram oposição a Lula
Ao contrário do que espera o presidente Lula, o PMDB não deve debandar por inteiro para a ala governista a partir de 2007. Hoje (21), seis senadores do partido, entre eles dois eleitos pela legenda em outubro, reuniram-se com o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP) para dizer que não são contrários à coalizão, mas que pretendem fazer oposição ao governo petista.
Publicidade"Dissemos ao Temer que não seria correto levar ao presidente Lula uma proposta fechada de apoio do PMDB. O partido inteiro ele não tem", disse o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE), um dos seis dissidentes, referindo-se ao encontro de amanhã entre Temer e o presidente Lula, para discutir o apoio peemedebista.
Além de Jarbas, integram o grupo de senadores de oposição: Joaquim Roriz (DF), eleito em outubro, Geraldo Mesquita (AC), Mão Santa (PI), Almeida Lima (SE) e Garibaldi Alves (RN).
O próprio senador reconhece que o PMDB não é mais o partido rachado de 2003. segundo ele, menos de 10% da legenda são contrários à coalizão. Porém, ele argumenta que seis senadores são o suficiente para uma oposição robusta do partido no senado.
"São 30% da bancada do PMDB no Senado. Não acha que é substancial uma dissidência de seis senadores?", indagou aos jornalistas.
Jarbas deixou claro que o grupo não deixará de votar propostas prioritárias para o país. Em contrapartida, adiantou que os peemedebistas de oposição não vão aceitar retaliações por parte do partido.
Temer
Hoje, o presidente do PMDB disse que irá à reunião de amanhã com o presidente Lula ainda sem definição de como o partido seguirá no próximo governo. Ferrenho opositor no primeiro mandato do presidente Lula, Temer disse que pretende seguir a orientação do partido caso a maioria decida pela aliança. "Não posso me opor a uma decisão majoritária do partido", afirmou o deputado.
Para Jarbas Vasconcelos, o governo pode se frustra caso espere que a coalizão com o PMDB resolva todos os problemas no Congresso. "Essa coalizão está mais para colisão", ironizou.
Lula acredita no crescimento econômico
O presidente Lula afirmou que a economia do Brasil está pronta para crescer. Ele discursou, na manhã de hoje (21), a agricultores em Sapezal (MT) e garantiu que haverá crescimento econômico no seu segundo mandato.
"Nós já criamos as condições para este país dar o passo do desenvolvimento econômico e da distribuição de renda. E só é possível a gente fazer distribuição de renda se a economia brasileira crescer para gerar as oportunidades de emprego e gerar a quantidade de salários que nós entendemos que o povo brasileiro precisa ter direito", disse o presidente.
Ao lado do governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, Lula afirmou que a agricultura nacional superará a crise sofrida nos dois últimos anos devido ao trabalho conjunto entre governo federal e estados. O presidente ainda disse que o problema com a soja está relacionado ao crescimento de outros produtos.
"Na verdade, nós temos uma crise da soja porque, no Brasil, o café nunca ganhou tanto dinheiro quanto ganhou nesses anos, o açúcar e o álcool nunca venderam tanto como venderam neste ano", afirmou o presidente.
Petrobras contesta favorecimento às campanhas do PT
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, rebateu hoje (21), em palestra a executivos do mercado financeiro, organizada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), as denúncias de favorecimento da estatal a empresas que financiaram campanhas políticas do PT e PC do B.
Gabrielli afirmou que a Petrobras tem hoje 70 mil fornecedores de todos os tipos e que a empresa estatal tem "critérios de transparência" com todos estes fornecedores. "Quem quiser vai encontrar empresas que contribuíram com o PFL, empresas que contribuíram com o PSDB, empresas que contribuíram com o PT", declarou.
O presidente da Petrobras chamou de "ilações absurdas" as reportagens publicadas nesse fim de semana sobre o assunto e afirmou que a empresa as trata com "repúdio".
De acordo com as reportagens, cinco empreiteiras associadas da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e que mantêm contratos com a Petrobras doaram, juntas, R$ 2,5 milhões para políticos do PT em vários estados. Conforme o jornal O Globo revelou, em março deste ano a Petrobras e a Abemi assinaram um convênio, sem licitação, no valor de R$ 228,7 milhões, com validade até 2008.
A Petrobras afirma que o convênio firmado com a Abemi em março de 2006 ocorreu por meio do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), para capacitar profissionais com o objetivo de acabar com os gargalos na execução de projetos da indústria do petróleo.
A empresa estatal também afirma que a Abemi não interfere na gestão dos recursos do Prominp e que as empresas associadas à entidade não recebem recursos do programa. Segundo o presidente da estatal, o objetivo da Petrobras, ao participar do programa, é que o relacionamento da estatal com seu fornecedores tenha uma "eficiência sistêmica".
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