— Em três décadas de vida pública, não há qualquer ato que eu tenha praticado do qual possa me envergonhar ou que envergonhe todos aqueles que me elegeram para diversos cargos ao longo da minha vida política. Não me considero melhor nem pior do que ninguém, mas sempre pautei minha conduta pela lisura, pela correção, pelo respeito à coisa pública e, especialmente, pelo respeito àqueles que sempre me honraram com seus votos e sua confiança — disse.
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Humberto Costa disse sentir-se injustiçado e garantiu não ter qualquer envolvimento com os fatos investigados pela Lava-Jato. O senador lembrou que, em 2006, foi acusado de envolvimento nas irregularidades apontadas pela Operação Vampiro, mas foi inocentado ao final do processo.
— Agora, lamentavelmente, a história se repete com essa Operação Lava-Jato. Novamente sou lançado à arena do espancamento público e ao açodado tribunal da culpa prévia, no qual um pedido de investigação, baseado em elementos frágeis, é antecipadamente transformado em sentença condenatória nos veículos de comunicação e nas redes sociais — afirmou.
O senador disse que a petição do Ministério Público Federal na qual é citado baseia-se em declarações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Costa teria dito que um amigo de Humberto Costa, Mário Beltrão, teria pedido R$ 1 milhão para a campanha ao Senado em 2010. Já o doleiro Alberto Youssef teria dito não ter conhecimento do envolvimento do senador no esquema.
— Paulo Roberto disse que determinou a Alberto Youssef que ele disponibilizasse recursos para a minha campanha, mas que não sabe se Youssef fez. Youssef diz que isso nunca lhe chegou e que nada dessa natureza passou por ele, que foi um engano de Paulo Roberto. No meio desse espetáculo de incoerências e contradições, de conflitos gritantes entre os depoimentos dos dois réus que fulminam completamente essa informação de doação de recursos, parece incrível que alguém tenha encontrado elementos para a abertura de um inquérito — avaliou.
De acordo com a petição, ressaltou Humberto Costa, Youssef também teria dito não conhecer Mário Beltrão nem o senador ou seus assessores. O senador também disse nunca ter visto Youssef e que só tratou com Paulo Roberto de maneira “pública e institucional” sobre a instalação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
O documento do Ministério Público, aponta o senador, afirma que a solicitação de Mário Beltrão teria relação com o cargo de Humberto Costa, senador e líder do PT.
— As ilações imputadas a mim são referentes à campanha eleitoral de 2010, quando eu disputei uma vaga para o Senado, num processo extremamente acirrado. Como é que a Procuradoria-Geral da República diz, no pedido que fundamenta a abertura do inquérito, que essa suposta doação tinha estreita relação com o cargo ocupado por mim, de senador da República e líder do PT no Senado se, em 2010, eu nem mandato eletivo tinha, eu era um simples candidato? Não podia ser líder do PT, porque não era senador. Fui líder do PT em 2011. Isso mostra a fragilidade da peça que está sendo apresentada ao Supremo Tribunal Federal para abrir inquérito contra alguém que não é melhor, nem pior do que ninguém, mas uma pessoa que tem história, passado, decência, honradez — sustentou.
Humberto Costa garantiu que todas as doações de campanha que recebeu foram legais, registradas, auditadas, julgadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. Ele acrescentou que, além dele, outros 150 parlamentares federais também receberam doações de empresas ligadas à Lava-Jato na campanha de 2010, o que, por si só, não é motivo de suspeição.
— Registro a minha total incompreensão em razão desse inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal. Mas não esmorecerei. Não baixarei minha cabeça porque sou inocente. Vou encarar mais essa luta de perto, porque sou inocente e tenho a correção da minha vida para mostrar ao povo brasileiro. Ao final, não tenho dúvidas de que esse procedimento será arquivado no STF pela total insubsistência dos fatos apresentados — afirmou.
No encerramento de seu discurso, Humberto Costa defendeu veementemente a proibição de doações de empresas privadas para campanhas eleitorais.
— Esse é o nó da questão. Esse é que é o grande problema que nós vivemos hoje, e não há mais como fugir dele — disse.
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