O ESTADO DE S. PAULO
Salário de 13 ministros extrapola teto de R$ 26,7 mil
Artifício largamente empregado em governos passados para proporcionar uma remuneração de mercado a integrantes do primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios, os conselhos de administração e fiscal de estatais e empresas públicas continuam a ser usados para turbinar os salários de ministros de Estado. Levantamento feito pelo Estado nos 38 ministérios do governo da presidente Dilma Rousseff aponta que um terço dos ministros integra hoje uma elite do funcionalismo com supersalários que ultrapassam o teto salarial de R$ 26.723,15. São 13 ministros que engordam seus rendimentos com jetons por participação em conselhos de empresas.
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O campeão é o ministro da Defesa, Celso Amorim, que acumula seu salário com o pró-labore de R$ 19,4 mil pagos pela participação no Conselho de Administração da Itaipu Binacional. São R$ 46,1 mil mensais brutos de remuneração. A renda do ministro poderia ainda ser maior, se não houvesse o abate teto, mecanismo que impede Amorim de acumular na integralidade seus vencimentos de ministro da Defesa com a aposentadoria do Itamaraty. Diplomata de carreira, Amorim é aposentado do Ministério das Relações Exteriores desde 2007.
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No comando da área econômica do governo, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, estão empatados na segunda posição do ranking dos mais bem pagos da Esplanada, com renda mensal bruta de R$ 41,5 mil. Ambos são conselheiros da Petrobrás e da BR Distribuidora, com jetons que alcançam quase R$ 15 mil mensais. Miriam Belchior poderia ganhar ainda mais: como titular da pasta do Planejamento, ela é obrigada a fazer parte do Conselho de Administração do BNDES mas, segundo sua assessoria, abriu mão de receber o pró-labore de R$ 6 mil por essa participação.
O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) engorda o salário com jetons de dois conselhos: é presidente do Conselho de Administração do BNDES, onde ganha R$ 6 mil mensais brutos, e integra também o BNDESPar, recebendo R$ 5,3 mil. Braço direito de Dilma, Pimentel usufrui de R$ 38,1 mil por mês de renda. O vencimento do ministro da Ciência e Tecnologia é inferior ao do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que acumula o salário de ministro com os jetons de duas empresas: BrasilPrev e BrasilCap, chegando a ganhar R$ 38,7 mil mensais.
PublicidadeDiretor de programa de bolsas do MEC está inadimplente com governoA Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) – órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelos programas de pós-graduação no País – tem um dos seus chefes inadimplente com a própria Capes. O diretor de Programas e Bolsas da Capes, Emídio Cantídio de Oliveira Filho, aparece como inadimplente em três convênios de pesquisas, dois deles desde 2007. Juntos, eles representam um investimento de R$ 66 mil.
Os convênios foram firmados em 2006, antes de Oliveira Filho assumir o cargo na Capes – o que ocorreu em meados de 2007. Ele é professor vinculado à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), instituição da qual já foi reitor (mais informações nesta página). Os convênios tiveram os prazo de vigência expirados durante o período em que ele já estava na direção do órgão – mas até agora o responsável pelo zelo às regras da Capes não se regularizou com a instituição para qual trabalha.
A Diretoria de Programas e Bolsas da Capes, dirigida por Oliveira Filho, é responsável, entre outras coisas, pelo acompanhamento dos bolsistas e beneficiários de programas. Sob sua responsabilidade está, por exemplo, a Divisão de Acompanhamentos de Programas, que tem a responsabilidade de fazer as estatísticas sobre inadimplência de bolsistas no País. Oliveira Filho consta como inadimplente no Portal da Transparência, do governo federal. De acordo com o MEC, ele teria finalizado os três projetos e o problema seria de prestação de contas.
Em protesto, grupo distribui cartazes com endereço de legista da ditadura
Cerca de 100 manifestantes fizeram um protesto em São Paulo neste sábado, 7, pela punição do médico legista Harry Shibata, acusado de ter forjado atestados de óbito para acobertar torturas e assassinatos no período da ditadura militar. O grupo pintou a palavra “assassino” no muro da casa em que ele supostamente vive, em Alto de Pinheiros, e distribuiu panfletos aos vizinhos indicando o endereço do imóvel.
Os manifestantes fizeram uma passeata pela região neste sábado, dedicado ao dia do médico legista, na região e colaram cartazes em que acusam Shibata de acobertar os crimes. Ele é apontado como o responsável por atestar o suicídio do jornalista Vladimir Herzog, que morreu em outubro de 1975 no DOI-Codi.
O grupo pede a apuração dos crimes da ditadura pela Comissão da Verdade e a punição de torturadores. Os manifestantes afirmavam ainda que pretendem “alertar” os vizinhos de Shibata sobre seu envolvimento com os crimes. “A grande chave da impunidade é que esses criminosos se passam por bons cidadãos sem que ninguém saiba o que fizeram”, disse o produtor N.B., um dos organizadores do protesto. Não houve conflitos e a polícia não foi chamada. Shibata não se manifestou.
PSDB pode ter chapa pura em Sorocaba (SP)
Com a decisão do ex-deputado federal Antonio Carlos Pannunzio de se apresentar como candidato do PSDB à prefeitura de Sorocaba, o partido pode ter chapa pura na cidade. Está cotado para ocupar a candidatura a vice-prefeito o atual presidente da Câmara, vereador José Francisco Martinez (PSDB). Pannunzio, que já foi prefeito de Sorocaba na década de 1990, acaba de deixar a presidência do Memorial da América Latina, em São Paulo, com o propósito de disputar a prefeitura.
Os outros pré-candidatos do partido, a deputada estadual Maria Lúcia Amary e o atual vice-prefeito José Ailton Ribeiro, abririam mão de suas pretensões para evitar a realização da prévia, uma das exigências do provável candidato. Pannunzio disse que ainda aguarda a decisão do partido. No entanto, a saída da presidência do Memorial sinaliza que seu nome já obteve a anuência da cúpula tucana na região e no Estado.
Em ano eleitoral, site traz informações sobre políticos
Em ano de eleições municipais, com um grande volume de candidatos disputando as prefeituras e as cadeiras nas Câmaras Municipais, o site ficha política (www.fichapolitica.com.br) traz um panorama completo sobre o desempenho eleitoral dos políticos. Idealizado por Rodrigo Alves, o projeto pretende democratizar as informações sobre os candidatos, com informações detalhadas sobre o desempenho do político, através de um sistema de georreferenciamento que mostra o volume de votos por bairros e cidades, mostrando onde está a sua força eleitoral.
Segundo Rodrigo Alves, o site tem também a ficha do político, com partido, as siglas que ele já pertenceu, o cargo atual e, se houver, os cargos anteriores. “O site traz informações oficiais dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a ideia é ampliar as informações atuais, com históricos e outras informações relevantes, com a finalidade de levar ao eleitor uma ferramenta útil na consulta sobre os candidatos”, diz.
O GLOBO
Cachoeira usa parentes como laranjas para omitir lucros, diz PF
A Polícia Federal acusa o bicheiro Carlos Cachoeira de usar parentes como laranjas para ocultar os lucros milionários obtidos por sua organização criminosa, camuflando-os na compra de fazendas, imóveis de luxo em Miami, Rio e Goiânia e no faturamento de várias empresas até na Argentina. De acordo com um relatório da Receita Federal que integra o inquérito da Operação Monte Carlo, a ex-mulher Andréa Aprígio, o ex-cunhado Adriano Aprígio e o irmão do bicheiro, Sebastião Ramos, são investigados sob suspeita de esconder recursos e patrimônio obtidos com o crime.
A polícia apura se o lucro do jogo ilegal teria sido utilizado para cometer crimes de descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, corrupção, formação de quadrilha e sonegação fiscal, além de servir para enriquecimento ilícito. Só em bens declarados em 2010, Cachoeira e seus três principais laranjas somaram R$ 25,4 milhões. Cachoeira usava o artifício da concessão de empréstimos declarados para transferir parte de seus recursos aos laranjas.
Apenas em 2009, ele repassou R$ 2,85 milhões para a ex-mulher Andréa Aprígio de Souza e para o irmão dela Adriano Aprígio de Souza, seus dois principais laranjas. A polícia começou a investigar o patrimônio do cunhado Adriano após captar uma conversa do contraventor com a atual mulher, Andressa Mendonça, na qual ele se desespera aos saber que o cunhado estava se divorciando: — Uma bomba aqui ! O Adriano tá largando a Suzane. Os trem (sic) tá tudo no nome dele — diz Cachoeira.
Eduardo Braga tem a mulher como suplente no Senado
O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) assumiu a liderança do governo pregando novas práticas na política e falando em uma nova geração de senadores. Gosta de dizer que “o Senado mudou, e eles (os velhos políticos) precisam entender isso”, mas Braga repete uma prática típica de políticos tradicionais: tem como primeira suplente sua mulher, Sandra Backsmann Braga.
Colocar parentes no banco de reserva do mandato é um expediente que já foi lançado por ex-senadores como Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Mão Santa (PMDB-PI). Na atual legislatura, Edison Lobão (PMDB-MA), licenciado para assumir o Ministério de Minas e Energia, foi substituído por Lobão Filho (PMDB-MA). Já Ivo Cassol (PP-RO) tem o pai, Reditário Cassol (PP-RO), de suplente. ACM dizia que escolhia o filho, ACM Júnior (DEM-BA), como suplente porque não queria ninguém conspirando para assumir seu mandato nem torcendo para que ele morresse.
Braga diz que esse não é o seu caso. Afirma que escolheu a esposa para a função para evitar briga entre seus aliados pelo posto. E também para que ela não disputasse um cargo eletivo, o que geraria problemas em seu grupo político.
Para financiar campanhas, Senado tem suplentes ricos
Ter suplentes ricos que financiam parte das campanhas, cada vez mais caras a cada eleição, também é praxe no Senado. Roberto Requião (PMDB-PR), por exemplo, teve 27% do custo de sua campanha bancados por seu suplente, Chico Simeão, que doou R$ 857 mil. Simeão é dono da BS Colway, que importa pneus usados, recicla e revende no Brasil. Requião afirmou que esse dinheiro refere-se ao empréstimo de um avião. — Eu superestimei o valor de propósito, para evitar problemas — afirmou o senador do PMDB.Ele nega ter escolhido Simeão pelo fato de ele ser rico: — Ele é um empresário progressista, que defende o capital produtivo.
Primeiro suplente de Demóstenes Torres (de Goiás, sem partido), que está agora em meio a um escândalo de corrupção, o empreiteiro Wilder Pedro de Moraes, da Orca Construtora, doou R$ 700 mil para a campanha do titular, o que corresponde a 7,5% do total arrecadado.
Atualmente, 15 suplentes estão no exercício do mandato no Senado, o que corresponde a 18% dos 81 integrantes da Casa. Desses, cinco assumiram porque o titular foi eleito governador, quatro viraram ministros, três morreram, um tomou posse como secretário estadual, um foi indicado para conselheiro de tribunal de contas estadual e um foi cassado.
Dilma vai negociar com Obama abertura do mercado americano
A presidente Dilma Rousseff embarca hoje para Washington tendo em mãos uma agenda ofensiva na área comercial. No encontro que terá amanhã com o presidente Barack Obama, Dilma falará de oportunidades de negócios e parceria, mas não deixará de tocar em temas delicados e caros para a balança comercial brasileira.
A lista de demandas é variada e envolve, por exemplo, o fim de barreiras ao suco de laranja brasileiro, já condenadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em uma ação do Brasil contra os Estados Unidos no organismo. — Há vários pontos específicos dessa pauta bilateral, que passam por carnes, suco de laranja, avião, enfim, há um conjunto de produtos em que nós vislumbramos maior potencial de acesso — disse ao GLOBO a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres.
Sobre o suco de laranja, Tatiana lembrou que o governo americano nada fez até o momento para ajustar sua legislação de acordo com as normas da OMC. — Os EUA precisam se manifestar. Se não houver o cumprimento, o Brasil tomará as medidas que julgar necessárias. Seremos firmes na cobrança e na implementação de nossa vitória na OMC — afirmou a secretária.
A expectativa é que Dilma também aborde temas que não estão resolvidos, como a venda de aviões da Embraer para a Força Aérea Americana, cancelada há cerca de um mês após um processo de licitação, e as restrições às vendas de frutas ao mercado americano. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes, estão previstos acordos nas áreas comercial e de cooperação.
Na Serra sistema de alerta de desastres não funciona
O sistema de alerta que avisou a população dos riscos de deslizamentos em Teresópolis, na região serrana do estado do Rio, necessita de melhorias, avalia o secretário nacional de Defesa Civil, coronel Humberto Viana. Ele admite que os alarmes tardaram a soar na noite de sexta-feira. – Não temos indicadores seguros do volume de água que iria cair. Quando a sirene tocou, o primeiro deslizamento já estava ocorrendo – disse Viana à Agência Brasil, acrescentado que apesar das cinco mortes o sistema funcionou.
Na opinião de Humberto Viana, a melhoria do sistema depende de mais investimentos públicos em radares, pluviômetros ligados em satélite, mapeamento geológico de área de risco, contratação de equipes técnicas e treinamento da população. Ele não soube dizer o montante que ainda precisa ser gasto, mas garantiu que o governo federal está investindo na prevenção de novas catástrofes.
As chuvas duraram cerca de quatro horas e a sua intensidade deixou um saldo de cinco mortos, uma pessoa desaparecida, 15 feridas, além de quase mil pessoas que deixaram suas casas temporariamente por causa do temporal e do risco de deslizamento de terra.
Avalanche soterra mais de cem militares no Paquistão
Uma avalanche soterrou 124 militares e 11 civis paquistaneses neste sábado, próximo da geleira de Siachen, na fronteira com a Índia, de acordo com Exército do Paquistão. Não há sinais de sobreviventes. A avalanche deixou uma camada de neve de aproximadamente 25 metros de profundidade em uma área de aproximadamente 1 km quadrado, cobrindo um acampamento onde estavam os militares e os civis, informou o exército paquistanês por nota. “O quartel está situado no mesmo lugar há quase 20 anos e nunca houve incidentes desse tipo”, diz o texto.
— Essas avalanches ocorrem normalmente durante a noite e essa ocorreu às seis da tarde, surpreendendo-nos, disse o major general Athar Abbas.
Siachen fica ao norte da Cachemira, a cerca de 6.000 metros acima do nível do mar, e é conhecida como o campo de batalha de maior altitude do mundo. Os militares soterrados estavam a 4.500 metros. Especialistas militares dizem que o clima inóspito e o terreno propenso à avalanches causam mais mortes do que os confrontos na região. De maioria muçulmana, o local está no centro dos conflitos entre a Índia e o Paquistão.
FOLHA DE S.PAULO
Decreto regulará ‘compra verde’ do governo
O governo Dilma Rousseff prepara um decreto criando regras e instituindo um percentual obrigatório mínimo de compra de “produtos verdes” nas licitações públicas. Será valorizada nas licitações a contratação de produtos e serviços que gerem menos resíduos e que tenham menor consumo de água, matérias-primas e energia em sua fabricação. A iniciativa faz parte de uma agenda de propostas que o governo quer levar para discussão na Rio+20, a conferência de desenvolvimento sustentável da ONU que ocorre em junho no Rio de Janeiro.
Na conferência, o governo quer “dar o exemplo” e obter o compromisso público de alguns dos maiores consumidores do planeta – empresas, escolas, hotéis, hospitais, shoppings, setor público e outros – de adotarem cotas mínimas de compra de “produtos verdes” que agridam menos o ambiente. O objetivo é criar escala de produção para esses produtos, que hoje custam mais caro por conta da demanda ainda muito restrita.
Dilma chega aos EUA para ‘manutenção da parceria’
Dilma Rousseff desembarca hoje nos EUA para seu terceiro encontro como presidente com Barack Obama com expectativas deflacionadas, em uma visita oficial que servirá para a manutenção de uma parceria bem azeitada, mas sem calor. Na agenda principal estão educação, comércio e energia – bandeiras para os dois presidentes na hora de mostrar seu bom entendimento.
Inevitável em tempos de ascensão brasileira no palco geopolítico, a menção genérica “assuntos globais” também deve estar na declaração final dos dois líderes. Mas temas em que os dois governos divergem ficarão em segundo plano nas três horas de conversa “franca e transparente”, na acepção do Itamaraty, e “ampla em todos os níveis”, na de Washington, que os dois manterão amanhã, entremeada por almoço de trabalho na Casa Branca.
Enteada de ministro do STF deixa gabinete de senador
A diretoria-geral do Senado exonerou, a pedido, a enteada do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que tinha cargo de confiança no gabinete do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Como Folha revelou no dia 25 de março, Ketlin Feitosa Ramos ocupava desde setembro o cargo de assessora parlamentar de Demóstenes no Senado, posto de confiança e livre nomeação.
A enteada do ministro do STF é servidora de carreira do Ministério Público Federal, mas foi cedida para ser funcionária comissionada do gabinete do senador. O ato de exoneração – publicado no dia 2 de abril no “Diário Oficial da União” – tem data de 30 de março.
O senador e assessoria do ministro negaram qualquer conflito de interesse na nomeação de Ketlin Feitosa em setembro do ano passado. “O fato de ser parente de uma figura importante da República não deve ser levado em conta para o ingresso de alguém no serviço público, não deve ser também motivo de impedimento”, disse Demóstenes quando a Folha mostrou o caso. Segundo ele, a relação pessoal que tem com Gilmar não influenciou no emprego à enteada. Já Ketlin afirmou que sua ideia inicial era ter contato com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), mas acabou sendo convidada pelo senador de Goiás para trabalhar com ele.
As duas faces de Cachoeira
Quem visita a goiana Anápolis e lê as milhares de páginas da Operação Monte Carlo encontra dois Carlinhos Cachoeira. Um é o “professor”, o “grande”, o “homem”, de fala mansa e discreta, rico, respeitado por amigos, parentes e políticos. O outro é controlador dos negócios ilegais, autoritário, intransigente, ameaçador, e chamado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal de “capo” e chefe de organização que praticou os crimes de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro na máfia do jogo ilegal em Goiás e no Distrito Federal.
As duas faces de Cachoeira – pivô da derrocada política do senador Demóstenes Torres (GO) e hoje preso – são resumidas por ele em ligação em 17 de maio de 2011 com a mulher, Andressa: “Só vivo em cima do fio da navalha”. Dez dias depois, essa vida dupla volta a aparecer quando se preocupa com a separação conjugal do ex-cunhado Adriano, um laranja dele: “Os trem tá tudo no nome dele. Imagina se a mulher inventar de pegar metade dos trem? Não fala um negócio desse senão eu morro”.
Carlinhos Cachoeira começou a vida do jogo ilegal em Anápolis, sua terra natal, ainda jovem, nos anos 70, recolhendo de lambreta, nas bancas da cidade, apostas do jogo do bicho, comandadas pelo pai, Sebastião Cachoeira. Na infância, era o “camelo”, apelido – que odiava – pelos joelhos tortos. Dos 12 de 14 irmãos ainda vivos, Carlinhos foi quem mais tomou gosto pelo negócio do pai. “Cachoeira” não é sobrenome de Carlos Augusto de Almeida Ramos, 48. O apelido herdou do pai e do avô. Ninguém na família explica direito o motivo, mas a versão difundida está na origem nas cidades mineiras de Araxá e Santa Juliana, conhecidas pelas quedas d’água.
‘TV Folha’ mostra desperdício com hospital do Senado
O Senado gasta R$ 400 mil mensais, fora a folha de pagamento, para manter um serviço médico pouco procurado por servidores e parlamentares, que preferem ir a clínicas particulares e pedir reembolso pelas despesas. Reportagem do “TV Folha” que vai ao ar hoje às 20h, na TV Cultura, mostra o desperdício com salas e equipamentos ociosos em plena quarta-feira, dia de maior movimento no Congresso.
A poucos quilômetros dali, na cidade-satélite de Samambaia, pacientes enfrentavam filas para serem atendidos numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do governo do Distrito Federal.
Busca por voto de religiosos mobiliza candidatos em SP
A campanha pela Prefeitura de São Paulo testará o poder de mobilização suprapartidária da Igreja Católica, em uma eleição que colocará à prova sua identificação histórica com a esquerda, evidenciada nas alas progressistas e pastorais sociais. Petistas e tucanos, que tradicionalmente duelaram pelo apoio da metade do eleitorado paulistano que declara professar a fé católica, tentam agora impedir alinhamento automático de padres e bispos à candidatura de Gabriel Chalita (PMDB) – expoente da Renovação Carismática, corrente conservadora que avança entre os jovens.
Mesmo com as restrições impostas pela arquidiocese quanto ao engajamento direto de clérigos, Chalita, ex-coroinha, ex-seminarista e um dos difusores da comunidade Canção Nova, espera contar com fervoroso exército de cabos eleitorais carismáticos. São 33 mil militantes ativos distribuídos em 412 grupos de oração na capital.
Arquidiocese vetará missa em favor de candidatos
A Arquidiocese de São Paulo proibirá o engajamento explícito de padres na campanha eleitoral e o uso de missas para difusão de propaganda em favor de candidatos a prefeito e a vereador. As orientações constarão em cartilha, que reproduzirá texto da Regional Sul-1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O material será distribuído nas paróquias da capital tão logo expire o prazo para as convenções partidárias, em junho.
Para o arcebispo d. Odilo Scherer, caberá à Igreja Católica estimular a realização de encontros entre os postulantes à prefeitura e à Câmara Municipal, desde que não sejam realizados nos templos. Outra condição é que a discussão de projetos seja franqueada a todas as siglas inscritas no pleito. Para abrigar tais debates, ele sugere a utilização de salões paroquiais. D. Odilo não quis se pronunciar sobre a possível influência do movimento dos carismáticos em favor de Gabriel Chalita (PMDB).
Candidatos divergem sobre debate
Para Fernando Haddad (PT), a discussão sobre os problemas da cidade deve prevalecer. “Pretendo discutir valores éticos universais, sem me ater à especificidade de uma determinada religião.” José Serra (PSDB) diz que o debate sobre valores é uma “demanda da sociedade”. “Dizem respeito à ética, ao nosso cotidiano.”
Discreta, mulher de Haddad participa de reuniões e ganha espaço na campanha
Discreta e avessa à militância partidária, a dentista e professora universitária Ana Estela Haddad, 45, está assumindo tarefas e ganhando espaço na campanha do marido à Prefeitura de São Paulo. Casada com Fernando Haddad há 24 anos, ela ocupou cargos na burocracia do governo federal enquanto ele se projetava como ministro da Educação de Lula e Dilma.
Agora, ajuda a formular as promessas do pré-candidato e participa de reuniões semanais que discutem propostas e metas para a saúde. Segundo aliados, sua influência vai muito além do setor: Haddad a consulta “para tudo”, nas palavras de um ex-auxiliar dele em Brasília. No currículo acadêmico, ela se apresenta como “uma das idealizadoras” do ProUni, vitrine eleitoral do marido.
CORREIO BRAZILIENSE
Cachoeira empregou parente de Leonardo Vilela em empresa farmacêutica
O deputado federal Leonardo Vilela (PSDB-GO) fez um pedido diretamente ao bicheiro Carlinhos Cachoeira em fevereiro de 2011 e foi prontamente atendido. O parlamentar ligou para o contraventor e pediu emprego para a filha no Instituto de Ciências Farmacêuticas de Estudos e Pesquisas (ICF), sediado em Goiânia. O ICF pertence ao grupo de Cachoeira: um dos sócios é a ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio de Souza, usada como laranja, conforme as investigações da Polícia Federal (PF). A filha de Leonardo Vilela, que é farmacêutica, conseguiu o emprego. É funcionária do ICF desde o mês do pedido.
O Correio revelou ontem que o parlamentar tucano, ex-secretário de Meio Ambiente do governo de Goiás e pré-candidato à Prefeitura de Goiânia, foi incluído pela PF na lista de pessoas ligadas ao bicheiro. Cachoeira está detido no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) desde a deflagração da Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro. Leonardo Vilela trocou ligações telefônicas e manteve encontros com ele, como admitiu à reportagem na sexta-feira. O deputado integra a lista de contatos políticos do contraventor elaborada pela PF.
Leonardo Vilela divulgou nota ontem em que diz ter conversado com Cachoeira por duas vezes. Em uma delas, há mais de um ano, pediu “apoio” ao bicheiro para conseguir uma entrevista de emprego para a filha. “Informaram-me que o empresário Carlos Ramos é ex-marido da presidente do instituto e que poderia nos ajudar. Como pai, fiz o pedido e ela conseguiu a entrevista de emprego.” Na nota, o deputado não informa se a filha foi contratada pelo ICF a partir da intermediação de Cachoeira. Ao Correio, o tucano admitiu que o favor prestado pelo bicheiro foi materializado. A filha de Leonardo Vilela é funcionária do instituto há mais de um ano.
Agentes da ditadura monitoravam os passos dos guerrilheiros no exterior
Documentos confidenciais do Centro de Informações do Exército (CIE) produzidos há 40 anos mostram que agentes da ditadura infiltrados seguiram os passos de integrantes de movimentos de esquerda asilados em vários países, inclusive em Cuba. Em 3 de abril de 1972, por exemplo, um relatório extenso — chamado Informe Confidencial nº 674-72 e intitulado “Grupo da Ilha” — revela em detalhes o destino dos 40 guerrilheiros banidos do Brasil em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. O diplomata foi sequestrado no Rio de Janeiro, em 11 de junho de 1970, em plena euforia pela Copa do Mundo do México, que acabaria com a conquista do tricampeonato pelo Brasil.
O texto indica que o Exército monitorava, em especial, a Aliança Libertadora Nacional (ALN) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), dois grupos que pegaram em armas e fizeram treinamento de guerrilha com o intuito de se preparar para tentar derrubar a ditadura militar instalada em 31 de março de 1964. Na VPR, militou a presidente Dilma Rousseff. Os militares seguiram os brasileiros em Santiago, no Chile; Montevidéu, no Uruguai; Havana, em Cuba; Paris, na França; Argel, na Argélia; e Roma, na Itália.
Mais de 10 mil candidatos vão refazer no próximo domingo a prova do Senado
A uma semana da reaplicação das provas do concurso para o Senado nos cargos de analista, na especialidade de enfermagem e nas subáreas de análise de sistemas e de análise de suporte de sistemas, 10,4 mil candidatos que tiveram os testes do último dia 11 cancelados intensificam os estudos. Os primeiros exames foram anulados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), organizadora do certame, após reconhecer falhas na aplicação e distribuição das avaliações que comprometeriam a isonomia do processo seletivo. Especialistas ouvidos pelo Correio orientam que, em vez de desanimar, os prejudicados com a desorganização da banca devem aproveitar o tempo extra para reforçar os estudos e aumentar as chances de aprovação.
Paulo Estrella, diretor da rede Academia do Concurso, pondera que o cancelamento de provas em concursos é sempre ruim, não só para o candidato, mas também para todos os envolvidos, como a banca organizadora e o órgão contratante. Ele ressalta, contudo, que, uma vez causado o dano, é preciso olhar o que inicialmente foi um problema como uma oportunidade. “Uma coisa é certa: uma parcela significativa de candidatos irá desistir depois de todas as confusões que ocorreram no certame. Isso significa que a relação candidato/vaga será menor e as chances de passar, maiores”, argumenta Estrella. “Quem, em vez de lamentar, mergulhar nos estudos vai sair na frente”, acrescenta.
Dilma desembarca nos EUA disposta a impor peso político do Brasil a Obama
A presidente Dilma Rousseff será recebida amanhã na Casa Branca pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sem as honras de chefe de Estado — nem mesmo um esperado jantar da brasileira com o líder da maior economia do planeta está previsto na agenda oficial. Mas, ainda que o tapete vermelho não seja totalmente estendido, e apesar da curta duração — apenas dois dias —, a primeira visita de Dilma a Obama, em retribuição à viagem feita ao Brasil pelo colega norte-americano, em março de 2011, tem grande alcance político, em razão dos interesses dos dois lados.
Dentro do governo brasileiro, o pragmatismo é grande. A despeito de a relação entre as duas maiores democracias das Américas ter melhorado recentemente e do desejo de Brasil e Estados Unidos se tornarem aliados no sentido amplo da palavra, não há uma causa comum realmente forte, ou mesmo um momento mágico pessoal entre Dilma e Obama, que leve a uma maior aproximação. “Ninguém está esperando um acerto total entre o Brasil e os EUA. Há diferenças dos dois lados, que sempre vão existir. O importante é que tanto a presidente Dilma quanto Obama estão conscientes de que precisam estreitar laços, porque há vantagens para todos. Não apenas do ponto de vista político, mas também do econômico”, diz um ministro brasileiro.
Compra e venda de veículos devem ser informadas ao Fisco
O brasileiro troca de carro a cada 32 meses, uma paixão que resulta na venda de 13 mil veículos por dia no país. Ter um carro na garagem, porém, implica em diversos cuidados, inclusive na hora de prestar contas ao Leão. É preciso informar ao Fisco os valores movimentados na compra ou na venda do bem. Apesar de isentar veículos de até R$ 35 mil, as regras da Receita exigem que o contribuinte informe a transação, especificando, inclusive, o CNPJ ou CPF do comprador.
Dificilmente alguém cai na malha fina por compra ou venda de veículos. Mas pode ter sérios problemas se não tiver comprovação da fonte de renda para adquirir o bem. É preciso indicar de onde saiu o dinheiro e demonstrar compatibilidade de renda para o acréscimo patrimonial, como uma poupança, herança ou até mesmo recursos decorrentes da venda de um carro mais antigo.
“Esse é um cochilo frequente. Muitas vezes, por ser isento do Imposto de Renda e por comprar ou vender veículo de pequeno valor, o cidadão acha que não precisa prestar contas à Receita”, alerta o tributarista Miguel Silva, do Escritório Miguel Silva & Yamashita Advogados. Ao contrário, na compra, mesmo quem não precisaria declarar, fica obrigado a informar na ficha “Bens e Direitos” a espécie do bem e a data, independentemente do valor.