Carioca, Yomura tem 36 anos e é especialista em Direito Civil, do Trabalho e Administrativo. Ele e Cristiane têm relação próxima desde 2006, quando advogou para a deputada em uma representação do Ministério Público Eleitoral por campanha antecipada. O inquérito foi arquivado em 2015. A relação entre os dois se estreitou durante a passagem dela por secretarias na gestão do então prefeito do Rio Eduardo Paes (MDB).
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O PTB retirou a indicação de Cristiane após novela que se arrastou por um mês e meio, período em que a pasta continuou sob o comando interino de Yomura. A desistência foi confirmada nesta terça pelo pai da petebista. A bancada do partido, na Câmara, ainda resiste à efetivação do interino e defende o nome de Jorge Côrte Real (PTB-PE).
Yomura ocupou anteriormente dois cargos por indicação de Cristiane Brasil e Roberto Jefferson. Ele foi superintendente regional do Trabalho e Emprego do Rio até assumir a secretaria-executiva do ministério em outubro do ano passado. Antes, de fevereiro de 2015 até julho de 2016, foi assessor do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (Ipem-RJ).
Cristiane havia sido nomeada ao ministério no dia 3 de janeiro, mas sua posse foi barrada na Justiça após a revelação de que a deputada havia sido processada e condenada na Justiça do Trabalho. No início deste mês, a deputada havia pedido pressa à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, para que sua posse fosse liberada. Ela afirmou ser “ficha limpa” e vítima de uma “campanha difamatória” que tinha como objetivo impedi-la de tomar posse no Ministério do Trabalho.
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Mas a argumentação não foi suficiente para a ministra decidir em favor de Cristiane, monocraticamente. Cármen Lúcia decidiu anular a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que havia liberado a posse da deputada e submeter a questão ao plenário do STF, mas sem marcar data para tal deliberação.
Embora defenda não haver impedimento para sua posse, Cristiane Brasil enfrenta, como recentemente mostrou reportagem o jornal O Estado de S. Paulo, apuração sobre suspeita de crime de associação ao tráfico por terem pagado a traficantes para fazer campanhas em morros.
Tropeços
Além das condenações na Justiça Trabalhista e da grande polêmica criada em torno da indicação, Cristiane também tropeça nas próprias aparições em público. Em vídeo gravado em um barco, no final de janeiro, a deputada se juntou a amigos para minimizar o papel da Justiça trabalhista ao alegar que não devia nada aos funcionários que a processaram. Além do embaraço geral entre seus pares, o filmete rendeu uma reprimenda do próprio pai de Cristiane. “Uma figura pública deve se portar como uma figura pública”, reclamou Roberto Jefferson, principal delator do mensalão e ex-presidiário em decorrência da condenação na Ação Penal 470.
Em outra ocasião, um áudio divulgado pelo Fantástico (TV Globo) em 4 de fevereiro mostra a cobrança feita pela deputada em uma reunião com cerca de 50 pessoas na própria sede da secretaria. “Se eu perder a eleição de deputada federal… Eu preciso de setenta mil votos. Eu fiz quase trinta (mil votos, em 2012, quando foi eleita vereadora no Rio). Agora são setenta mil. No dia seguinte, eu perco a secretaria (se não for eleita deputada). No outro dia, vocês perdem o emprego”, disse Cristiane.
Na reunião, ela afirma que só havia um jeito de os funcionários manterem os seus empregos: ajudando-a a se eleger. “Se amanhã vocês ficarem desempregados, como é que vai ser a vida de vocês? Vai ficar um pouquinho mais complicada, não é? Eu só tenho um jeito de manter o emprego de vocês: me elegendo”, ameaçou.
Mesmo diante de tantas adversidades, Roberto Jefferson vinha acreditando ser possível ultrapassar a crise enfrentada por Cristiane. O pai da deputada reforçou o discurso de que a filha foi vítima de uma campanha para prejudicar sua imagem. No Twitter, o petebista agradeceu ao presidente Michel Temer e aos correligionários do PTB “pelo apoio e respeito com Cristiane Brasil durante esse período de caça às bruxas”.
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