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“O Ministério Público Federal somente exerce sua função de apurar indícios de crimes citados por colaboradores, com responsabilidade e profissionalismo. O desenvolvimento das investigações obedece tempo próprio, independente da agenda política do país”, diz o PGR em nota.
Na carta a Janot, Temer diz que o país enfrenta “séries crises econômica e política” e critica o vazamento de delações premiadas, responsabilidade do Ministério Público Federal (MPF). Como que a culpar as investigações pelas dificuldades políticas, o presidente afirmou que as medidas de ajuste fiscal patrocinadas pelo governo têm sofrido “interferência pela ilegítima divulgação” de depoimentos.
O peemedebista disse ainda que, enquanto delações não forem homologadas no Supremo Tribunal Federal (STF), o Brasil estará refém de um “clima de desconfiança geradora de incerteza”. Em desfavor de Temer, além das 43 citações de seu nome no petrolão, está o fato de que são 77 os ex-executivos da Odebrecht – empreiteira-pivô do escândalo de corrupção na Petrobras – que estão entre os potenciais depoentes em regime de colaboração judicial.
“O fracionado ou porventura lento desenrolar de referidos procedimentos pré-processuais, a supostamente envolver múltiplos agentes políticos, funciona como elemento perturbtador de uma série de áreas de interesse da União […]. Ante o exposto, a União pleiteia que Vossa Excelência examine a possibilidade de imprimir celeridade na conclusão das investigações em curso. Requer também que as colaborações premiadas porventura existentes sejam, o quanto antes, finalizadas, remetidas ao Juízo competente para análise e eventual homologação e divulgação por completo. Com isso, a eventual responsabilidade criminal dos investigados será logo aferida”, solicitou Temer.
Mais cedo, no início do longo dia de votações no Senado, a procuradoria-geral da República recebeu críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ontem (segunda, 12) denunciado pela própria PGR ao STF em um dos inquéritos da Operação Lava Jato. Para o parlamentar alagoano, já réu em outro processo e alvo de mais de dez investigações no Supremo, o Ministério Público deixou de atuar institucionalmente e “passou a fazer política”.