O senador José Medeiros (PSD-MT) decidiu se lançar candidato à presidência da Casa mesmo sem o apoio do seu próprio partido e antes de consultar os três colegas de bancada. O congressista garante que tem um grupo de apoiadores entre colegas de vários partidos para a sua empreitada. Mas alega que manterá os nomes em segredo para não atrapalhar as articulações e evitar pressões sobre os apoiadores da sua candidatura.
Medeiros sabe que a direção do PSD e os seus colegas de bancada preferem o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), para o posto hoje ocupado por Renan Calheiros (AL) nas eleições internas marcadas para o dia 2 de fevereiro. Medeiros é vice-líder do governo no Senado e já avisou ao presidente Michel Temer que vai mesmo disputar com Eunício, o preferido do Planalto. Chegou a propor a entrega do cargo que ocupa, mas Temer desconsiderou a proposta porque sabe que Medeiros não tem chance.
Ele garante que foi procurado por um grupo de colegas que o convenceram a topar a disputa. Mas também não revela os nomes desses articuladores da sua candidatura. O congressista está elaborando uma proposta de gestão no Senado para apresentar aos colegas. As duas sugestões principais são: inserir uma nova regra no regimento da Casa para conceder o direito a cada senador de ter seu projeto de lei votado diretamente pelo plenário da casa, sem passar nas comissões, nem mesmo na Comissão de Constituição e Justiça.
A outra proposta é estabelecer um rodízio na indicação de relatores de projetos de lei, emendas e medidas provisórias. Segundo Medeiros, hoje o presidente Renan Calheiros escolhe pessoalmente os relatores e privilegia nomes mais próximos a ele. “Hoje um pequeno grupo se reveza como relatores de assuntos importantes”, reclama Medeiros.
O congressista sabe que o PSD está apoiando a candidatura de Eunício Oliveira. Mas acredita que colegas de outras legendas, como PSB e DEM e descontentes do PMDB podem apoiá-lo. Nenhum senador consultado pelo Congresso em Foco confirma que apoiará ou votará em Medeiros. “Ele já deve estar eleito porque lançou a candidatura e nem sequer consultou os colegas de bancada e nem a direção do partido, não precisa de votos”, comentou o senador Otto Alencar (PSD-BA).
Os senadores Sergio Petecão (AC) e Omar Aziz (AM) também não foram consultados e só souberam da candidatura de Medeiros ao serem procurados pela reportagem. O presidente do partido e ministro da Ciência, tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, também não apoia a candidatura do senador.
Dirigentes do PSD também não acreditam que a candidatura de Medeiros seja pra valer. “Ele está entrando em uma campanha nacional, mesmo sendo interna do Senado, mas está de olho é na abertura de espaço local para 2018”, disse um dirigente da legenda. Medeiros assumiu o mandato em 2011 no lugar do titular Pedro Taques (PSDB), eleito governador do Mato Grosso. Ex-sindicalista e policial rodoviário, ele tem mais dois anos de mandato e sonha em se candidatar novamente ao Senado nas próximas eleições gerais.
O senador repete o que fez o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), que é candidato à presidência da Casa mesmo sem o apoio da própria bancada que liderou até antes do recesso parlamentar. Na segunda-feira (23) os deputados do PSD, sem a presença de Rosso, vão almoçar com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para formalizar o apoio à sua reeleição.
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