O executivo da Odebrecht que se demitiu esta semana para cuidar exclusivamente de sua defesa na Operação Lava Jato usava linha exclusiva de celular para falar com o doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema. É o que afirma Rafael Ângulo, funcionário de Youssef que atuava como emissário do doleiro, segundo reportagem do jornal O Globo.
A revelação foi um dos motivos para que a Justiça decretasse ontem (24) a prisão preventiva do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar. Ele está detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde a última sexta-feira, quando foi preso provisoriamente na 14ª fase da Lava Jato.
Segundo Ângulo, Alexandrino e Yousseff se falavam por uma linha de celular exclusiva, trocada periodicamente. De acordo com o Globo, o funcionário contou que, a mando do doleiro, levou quatro ou cinco telefones diferentes para o ex-diretor da Odebrecht. Nesses aparelhos estava registrado apenas um contato: “Primo”, codinome utilizado por Youssef. As linhas eram registradas com números de CPFs de desconhecidos, extraídos por Ângulo do Diário Oficial da União.
Em depoimento à PF, Alexandrino negou ter relações com Youssef e disse que o funcionário do doleiro lhe trazia documentos do ex-deputado José Janene (PR), já falecido. Ele contou que se aproximou do ex-líder do PP na Câmara, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras, quando era vice-presidente da Braskem, petroquímica controlada pela Odebrecht. As primeiras conversas, relatou, se deram quando Janene presidia a Comissão de Minas e Energia na Câmara. Segundo ele, os contatos era para evitar que questões políticas atrapalhassem a expansão da Braskem nos estados.
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