Lúcio Lambranho
A Uni Repro Serviços Tecnológicos Ltda, empresa envolvida no escândalo do mensalão do governo Arruda, é investigada pelo Ministério Público de São Paulo e responde, desde 2001, como ré em uma ação civil pública que aponta irregularidades no Programa de Atendimento à Saúde (PAS), supostamente cometidas ainda na gestão do ex-prefeito Celso Pitta entre 1996 e 1998.
Na denúncia mais recente, o promotor de Indaiatuba, Marcelo de Mendonça Neves, investiga, desde novembro deste ano, um contrato entre a empresa e a prefeitura da cidade e outro com a Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC), entidade também administrada pelo executivo municipal.
No Distrito Federal, a diretora comercial da Uni Repro Serviços Tecnológicos Ltda, Nerci Soares Bussamra, aparece em conversa gravada em vídeo com Durval Barbosa, então secretário de Relações Institucionais do governo Arruda. No diálogo Nerci afirma que Fernando Antunes, presidente do PPS-DF e subsecretário de Saúde de Arruda, achacou a empresa por meio de uma auditoria nos contratos e pediu dinheiro para o PPS.
Veja reportagem do Jornal Nacional com o vídeo em que diretora da Uni Repro entrega dinheiro a Durval
A diretora também afirma que o dinheiro servia ao presidente Nacional do PPPS, Roberto Freire e ao ex-secretário de Saúde do DF, Augusto Carvalho. Em outra gravação feita por Durval, ela entrega uma sacola de loja de sapatos com maços de notas de R$ 100 e R$ 20. Carvalho e Antunes também negam envolvimento no esquema. Freire disse que vai processar Nerci (leia mais).
No interior paulista, a empresa é suspeita de ter sido beneficiada por um direcionamento de uma licitação no valor de R$ 52 milhões por ano para aluguel de equipamentos de informática.
Trata-se do maior contrato da prefeitura, administrada desde 2008 pelo ex-deputado federal Reinaldo Nogueira (PDT-SP). A locação do material é maior do que uma obra de construção de galerias pluviais na cidade bancada na maior parte, R$ 40 milhões, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
“Eles estão locando tudo e até impressora a laser de uso diário em escritórios da prefeitura. O pior é que a prefeitura alega não ter dinheiro para atender mais de 4 mil crianças com creches em outra ação civil pública que responde na Justiça”, reclama o vereador Carlos Alberto Rezende, o Linho (PT), autor das denúncias contra a Uni Repro.
“Dias antes da licitação, recebi a informação de que essa empresa ia ganhar e ganhou. Além disso, usaram pregão eletrônico, mas como é um serviço de locação, a lei determina que seja pelo modelo técnica e preço”, completa o vereador, o único da oposição ao prefeito entre os doze vereadores da cidade. O MP-SP já pediu um auditoria extraordinária sobre o contrato e o processo de licitação ao Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP).
Desvio de mais de 36 milhões
A ação que a empresa responde por envolvimento em supostas irregularidades apresentadas pelo MP paulista na gestão de Celso Pitta tem o valor de mais de R$ 36 milhões de reais, dinheiro que teria sido desviado da prefeitura da capital de São Paulo. O processo foi apurada por meio de uma auditoria nos contratos do PAS com a Uni Repro e outras empresas, que também foram alvo de investigação na CPI do PAS, em 2001, na Câmara Municipal de São Paulo.
Segundo a assessoria de imprensa do MP-SP, desde 2001 a empresa também responde por um procedimento investigatório de direcionamento de licitação em contrato com a administração da capital paulista. Na ação 053.01.025269-2, que tramita na 3ª Vara de Fazenda Pública, os promotores paulistas pedem a devolução do dinheiro, a anulação dos contratos e condenação dos réus por improbidade administrativa.
O Congresso em Foco procurou a Uni Repro desde a última terça-feira (1°), mas a empresa não retornou os pedidos de esclarecimentos. Informou que os advogados da empresa entrariam em contato com a reportagem, mas isso não aconteceu até o fechamento desta edição. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Prefeitura de Indaiatuba informou que não vai se pronunciar sobre o contrato porque ainda não foi notificada oficialmente sobre o inquérito aberto pelo Ministério Público de São Paulo.
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