O dono da seguradora Interbrazil admitiu hoje, em depoimento à CPI dos Correios, que alimentou o caixa dois de vários partidos políticos. André Marques da Silva relatou ter contribuído para as campanhas do PSDB, PFL, PSC, PSB, PT e PL de Goiás, do PSDB do Paraná e para os diretórios do PMDB em Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As doações, segundo o empresário, não eram feitas em dinheiro, mas em materiais de campanha.
Dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que a Interbrazil fez apenas uma doação para campanhas eleitorais, em 2002. A empresa repassou R$ 3 mil ao comitê do então candidato ao Senado, Romeu Tuma (PFL-SP). O tribunal não registra nenhuma doação em nome de Marques.
A seguradora teve um aumento de faturamento de R$ 28 milhões para R$ 64 milhões entre 2000 e 2002, logo após ter feito contribuições para campanhas políticas. Mesmo assim, a empresa não conseguiu manter sua saúde financeira. Recentemente a empresa teve sua liquidação extra-judicial decretada.
Desde setembro, a Interbrazil é investigada pelas CPIs dos Correios e do Mensalão, acusada de fazer doações não declaradas à campanha do ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson (PT), derrotado nas eleições em 2004. A contribuição teria rendido contratos de seguros da Interbrazil com estatais, como a Companhia Energética de Goiás (Celg).
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O empresário disse ter recebido, adiantados, R$ 2,8 milhões para prestar serviço durante um ano à Celg. Porém, o contrato foi rescindido no segundo mês. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que a operação foi irregular. “Empresa pública não pode adiantar pagamentos por um serviço que não foi prestado”, afirmou.
O deputado Carlos Willian (PMDB-MG), integrante da comissão, questionou o fato de uma empresa com capital social de R$ 35 mil tornar-se seguradora de estatais com patrimônio reunido estimado em R$ 4,7 bilhões. “Não tem lógica”, afirmou.
Segundo Marques, a atuação da empresa se limitava a repassar, para o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) ou para resseguradoras internacionais, o risco dos seguros contratados. Ele esclareceu que, apenas no caso da Celg, não houve cobertura, pois o contrato foi rescindido dois meses depois de assinado.
Sobre a origem de seus contratos, o empresário informou que 70% do faturamento da Intebrazil são provenientes de seguros facultativos contratados por empresas de ônibus. Ele disse ainda que, na intermediação do resseguro para as usinas Angra 1 e Angra 2, “a empresa ganhou apenas R$ 500 mil”.
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