|
Ainda como ministro da Casa Civil, em 11 de janeiro, o deputado José Dirceu (PT-SP) teve um encontro com Ricardo Espírito Santo, do banco português Espírito Santo, na companhia do empresário Marcos Valério. Na terça-feira ao Conselho de Ética, Dirceu omitiu ter participado de qualquer encontro com a Portugal Telecom, do qual o banco português é um dos principais acionistas. “Não é verdade, não é fato. Nunca tive relação com a Portugal Telecom de nenhum tipo”, afirmou Dirceu, ao ser questionado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). De acordo com a nova denúncia feita por Jefferson, o tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, e o empresário Marcos Valério, que representaria o PT, teriam sido autorizados por Dirceu a conversarem com dirigentes da Portugal Telecom, em Lisboa, a fim de saldar as milionárias dívidas de campanhas das eleições municipais. As negociações teriam ocorrido depois que Dirceu, segundo Jefferson, aproximou os dirigentes portugueses de Lula. Leia também Publicidade
De fato, a dupla viajou à capital portuguesa 13 dias antes da audiência no Palácio do Planalto. Valério disse que foi a Portugal conversar com Miguel Horta e Costa, presidente da Portugal Telecom, em busca de novas contas de publicidade. A companhia telefônica portuguesa, afirmou Valério em nota, poderia comprar a Telemig, operadora de telefonia de Minas, para a qual as empresas dele prestam serviço. Um problema de agenda de Horta e Costa, contudo, impediu a realização da audiência. Publicidade
Trabalho de Valério O banqueiro português Ricardo Espírito Santo confirmou, na edição de hoje de O Globo, o encontro realizado em janeiro no Planalto. E ressaltou que foi apresentado a Dirceu por Valério. Mas a incógnita está na participação de Valério nessa audiência. O empresário mineiro disse que não foi. Dirceu afirmou que ele participou e que estaria prestando serviços ao Banco Espírito Santo. O banqueiro português nega que Valério tenha trabalho para ele e diz que o encontro teve o intuito de anunciar novos investimentos no país. PublicidadeJefferson já afirmou à CPI dos Correios que Valério quis convencer a antiga diretoria do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) a transferir recursos internacionais aplicados em bancos europeus para o Banco Espírito Santo. Com os investimentos de US$ 600 milhões espalhados pelo IRB, sustenta Jefferson, o banco português daria uma parte para o PT e o PTB saldarem as dívidas de campanha. Ricardo Espírito Santo negou ter feito qualquer negociação com Valério, com o governo ou com partidos. O IRB informou em nota, ontem, que o banco português chegou a fazer uma proposta de aplicação de US$ 100 milhões ao IRB. Ela não foi aceita, pois “não se enquadrava nos parâmetros da política de investimentos estabelecida pelo conselho de administração do instituto”. Consultor Segundo o semanário de Lisboa Expresso, Valério se apresentou ao governo português como consultor do presidente Lula, em outubro do ano passado, conforme declaração do ex-ministro de Obras Públicas, Transportes e Comunicações António Mexia. O próprio Valério e o Planalto negaram a informação. Ontem, os governadores Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP) e o prefeito de São Paulo, José Serra, cobraram a investigação dessas novas denúncias envolvendo o governo Lula com a Portugal Telecom. |
Deixe um comentário