Para o deputado, apenas o final da conversa foi publicada, de maneira que seu posicionamento foi a público de maneira enviesada. Segundo Marquezelli, o que ele quis dizer é que quem não tiver dinheiro para bancar uma instituição privada que “estude, se dedique” e recorra às instituições públicas de ensino.
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Vídeo: “Quem não tem dinheiro não faz faculdade, diz deputado a manifestante”
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“Eles cortaram. Eu disse que pobre não tem que estudar em universidade paga, e sim estudar em universidade pública. Tem que se dedicar e estudar na pública. O cara que não tem dinheiro não pode estudar em uma que é paga, e sim numa pública. E o governo não pode bancar tudo quanto é pobre estudando na [Universidade] Mackenzie, em faculdades caríssimas, não só no Brasil como fora do Brasil”, disse Marquezelli em entrevista ao Congresso em Foco nesta quarta-feira (12), dando como exemplo de instituição pública a Universidade de Brasília.
“O cara que estude e se dedique, e vai estudar em uma pública. Isso foi o que eu falei e eles cortaram, editaram só o que interessou para eles”, acrescentou o petebista, dizendo ter recebido apoio de quem o conhece. Mesmo os que o criticaram, garantiu, depois tiveram acesso aos esclarecimentos publicados em seu site (leia a íntegra da nota).
“Eles cortaram muito. Só passaram o que interessava pra eles. Eles estavam contra a PEC 241, e eu falei que iria votar favoravelmente, e que entendia que o país está passando pela necessidade de se fazer um controle melhor [dos gastos]. A gestão de governo no Brasil estava muito ruim. Dá pra melhorar isso aí. “E aí ele [o interlocutor] vira e me diz que a PEC não pode cortar recursos para educação e saúde. Eu falei: ‘Não vai cortar. O que vai fazer é melhorar a gestão’”, acrescentou o deputado. “Tem que haver uma gestão melhor não só da educação e da saúde, mas de todos os órgãos do governo.”
Para Marquezelli, a função dos subsídios estatais para o ensino, concebidos para atender aos mais pobres, está desvirtuada. “A USP, em São Paulo, que é uma universidade pública, no seu estacionamento mais de 50% é de carros importados. Muitos daqueles filhinhos de papai vão ao Ministério [da Educação] e o Ministério ainda dá Fies pra eles. Isso é um absurdo!”, protestou Marquezelli, referindo-se ao financiamento estudantil que ajuda alunos a custear seus cursos universitários.
“Há 103 mil alunos no exterior – Venezuela, Cuba, Estados Unidos, Austrália – que são pessoas que poderiam, perfeitamente, pagar os seus estudos. O Brasil não pode se dar ao luxo de financiar quem é rico. Quem é rico tem de se autofinanciar!”, reclamou Marquezelli, ouvidor-geral da Câmara entre 2013 e 2015, nomeado pelo então presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Questionado sobre abordagens de parlamentares, por parte de manifestantes, para registros em vídeo, o deputado atribuiu tais ações ao Partido dos Trabalhadores. “O PT é que está bombando isso aí. Eles estão fazendo isso só contra quem é favorável ao governo atual”, acrescentou.
Laranja
Em seu sexto mandato na Câmara, Marquezelli é considerado um dos líderes da bancada ruralista. Um dos maiores produtores de laranja do país, ele declarou na última eleição um patrimônio de R$ 12,2 milhões. Um projeto de autoria do deputado, já arquivado, previa a obrigatoriedade da adoção do suco na merenda escolar. Pela proposta, só receberiam verbas da União para programas alimentares os estados e municípios que incluíssem o suco na merenda.
Em 2011, Marquezelli foi o responsável pela elaboração do projeto que reajustou em mais de 60% o seu próprio salário e o dos demais parlamentares. Dessa forma, disse o deputado ao Congresso em Foco à época, os deputados não precisariam mais “fazer bico” para ter uma renda compatível. “Eu acho que ele é condizente com o mandato, eu acho que é justo. Quando o salário era menor, alguns deputados faziam bico. Agora estão se dedicando mais ao mandato.”
Na ocasião, o salário dos congressistas passou para R$ 26,7 mil. Desde o início de 2015, um parlamentar ganha R$ 33,7 mil por mês, fora os demais benefícios atrelados ao mandato, como auxílio-moradia, passagens aéreas, plano de saúde e despesas pessoais.